Os exportadores brasileiros de carne bovina subiram o tom ontem contra a Unio Europeia e reforaram a inteno de pedir a abertura de um painel contra o bloco na Organizao Mundial de Comrcio (OMC) por conta de mudanas nas exigncias para vender cortes nobres dentro da cota Hilton. Como reflexo dos novos requisitos, o Brasil conseguiu cumprir menos de 10% do volume de 10 mil toneladas a que tinha direito no ano-cota julho de 2009 a junho de 2010, segundo a Associao Brasileira das Indstrias Exportadoras de Carnes (Abiec).
Dentro da cota, a tarifa de importao dos cortes de 20% ad valorem; fora de 12,8% mais 3.041 por tonelada.
O setor, que deve terminar o ano com volumes totais exportados de 1,640 milho de toneladas (equivalente-carcaa) e receita de US$4,9 bilhes, j amarga quedas nas vendas de carne bovina (dentro e fora da cota) para a UE desde 2008, quando o bloco passou a exigir que apenas uma lista restrita de fazendas fornecesse bovinos para abate e venda aos pases-membros. As vendas ao bloco alcanaram US$1,4 bilho em 2007, mas tinham atingido apenas US$634 milhes de janeiro a novembro deste ano.
At 2008/2009, o Brasil tinha uma fatia de cinco mil toneladas da cota Hilton, mas fechou acordo com a UE e obteve mais cinco mil como compensao pela perda de exportaes para Romnia e Bulgria, aps a entrada dos dois pases na UE, em 2007. Trocamos 120 mil toneladas de exportaes, sem licenas, por cinco mil de Hilton, e agora h barreiras que prejudicam o acordo, disse o presidente da Abiec, Antnio Camardelli, que ontem apresentou os nmeros das exportaes em 2010. Segundo ele, o conselho da Abiec j aprovou o pedido de abertura de painel. O assunto ser levado a assembleia.
Entre as exigncias que tm impedido o Brasil de cumprir a cota esto a determinao em 2009, pela UE, de que os bovinos abatidos para atender cota Hilton sejam alimentados somente a pasto, sem suplementao. Essa exigncia no feita a Austrlia e EUA, que tambm tm volumes da cota. Alm disso, a UE pede rastreabilidade desde a desmama do bezerro, o que no vivel hoje, conforme os exportadores.
Enquanto as vendas de carne bovina seguem reduzidas para a UE - tambm por causa da crise -, o Ir ganhou importncia nas vendas do Brasil e j representou 17,16% da receita com as exportaes at novembro, segundo a Abiec. A Rssia ficou com a maior fatia, 22,08%.
Sem perspectiva de aumentar as vendas na Europa por causa das restries, a Abiec buscar melhorar a performance em mercados j abertos, como a China, e conseguir novos clientes, como Mxico, Cuba e Marrocos, Coreia e Indonsia.
Outro entrave s exportaes do Brasil este ano foi o embargo aos embarques de carne industrializada aps os EUA detectarem nveis acima do permitido do vermfugo ivermectina. Por conta disso, as vendas de carne industrializada caram 22% de janeiro a novembro, para US$467, 6 milhes.
Segundo Camardelli, o Brasil aceitou a proposta dos EUA de reduzir a prevalncia do resduo, de 1,5% para 1%, mas no aceitar a sugesto de que outras seis diferentes anlises sejam feitas, apenas parte desse nmero.
O presidente da Abiec no faz estimativas sobre volume em 2011, mas acredita que a receita com as vendas pode ficar entre US$5,3 bilhes e US$5,5 bilhes.
Para ele, a oferta de bovinos deve melhorar no prximo ano, j que o abate de fmeas se estabilizou. O dirigente admitiu que em alguns momentos, este ano, o mercado interno foi mais competitivo que o externo por causa da alta da arroba do boi. De acordo com a
Scot Consultoria, a arroba saiu de R$92 no comeo de outubro para R$115 em meados de novembro e R$102 atualmente.
Fonte:
Valor Econmico. Agronegcios. Por Alda do Amaral Rocha. 14 de dezembro de 2010.
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