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Scot Consultoria

Exportação de carne deve se diversificar


Quarta-feira, 17 de agosto de 2011 - 10h33

Fazenda que vende carne para UE ganha mais. Mas na atual crise mercado interno e emergentes não devem ser esquecidos O Brasil tem atualmente 2.095 fazendas pecuaristas habilitadas a exportar carne para a União Europeia. São propriedades que se submeteram a um processo burocrático, lento e sujeito a auditorias de seis em seis meses. Nos bons tempos no continente europeu, fazendas que se sujeitaram ao protocolo e foram aprovadas na cobiçada lista receberam até R$10 a mais por arroba. Atualmente, porém, o prêmio fica entre R$3 e R$4 por arroba. Adicione-se a isso a crise na Europa para que o criador se pergunte se compensa continuar exportando. Para economista Thiago Bernardino de Carvalho, pesquisador do Cepea/Esalq/USP, o mercado exportador continua interessante para o produtor, mas é preciso ficar atento à crise. “O pecuarista deve buscar a excelência na produção de carne não só de olho no mercado externo, mas pensando no consumidor interno, que, no futuro, vai passar a exigir carne cada vez de melhor qualidade.” Já o consultor Hyberville Neto, da Scot Consultoria, também chama atenção para o consumo crescente de carne no Brasil pelas classes C e D. “O mercado interno aquecido acaba competindo com as exportações. Se o câmbio também não está favorável e o ágio sobre o “boi-Europa” não está compensador, o pecuarista tem que avaliar o que é melhor”, diz. Na pecuária há 40 anos, Edson Crochiquia, com rebanhos em Agudos (SP) e em Pedra Preta e Paranatinga (MT) - em Agudos, são 5.200 cabeças, entre recria e confinamento. Já as de Mato Grosso são de cria, com 25 mil animais -, garante que o esforço compensa. “Além de a fazenda se profissionalizar, a qualidade dos animais aumenta significativamente.” E arremata: “A pecuária brasileira não é de excelência, mas as fazendas que cumprem o protocolo de exportação podem ser consideradas de excelência.” Exigências. Com rebanho de 1.750 cabeças em Uberaba (MG) e mais 2 mil animais em Turvânia (GO), o pecuarista Paulo Ferolla abate para exportação 1.400 animais/ano. Apto a exportar para a UE há quatro anos, ele reclama do “excesso de teoria” das exigências. “Mais difícil que entrar na lista é se manter habilitado”, diz. “No meu caso, o Instituto Mineiro de Agropecuária vistoria. Depois vem o ministério. É preciso apresentar tudo: registro de cada brinco, medicamentos, vacinas, alimentação e nota fiscal”, diz. “É tudo detalhado e sem se organizar não dá.” Em anos anteriores, Ferolla já recebeu R$10 a mais sobre o valor da arroba, mas hoje recebe de R$3 a R$4. O sobrepreço varia conforme a oferta e procura. Por isso o produtor deve por tudo na balança. “Tem que pesar o custo do confinamento e o custo de animais de reposição e se vale a pena exportar se o mercado interno pode absorver a oferta de carne. Exportar é bom, mas não se deve abandonar o mercado interno.” O diretor da Praterra Agropecuária, Caio Augusto Arroyo Barbosa, concorda. “Mesmo habilitado, o produtor deve colocar tudo na ponta do lápis. Este ano, com o confinamento 30% mais caro, foi mais negócio vender os animais antes, aproveitando os picos da arroba.” Profissionalização. A Praterra tem fazendas em Rosário Oeste e Ribeirão Cascalheira (MT), com giro de 10 mil cabeças/ano. Barbosa acha vantajoso estar habilitado. “Estamos na lista há três anos e em Mato Grosso o prêmio chegou a R$10 por arroba.” Já no ano passado, o prêmio foi de R$3 a mais, em média. “Por um lado, o produtor deveria receber mais, por toda a burocracia e todos os investimentos que são feitos na propriedade. Por outro, tem um lado muito positivo, que é a profissionalização e a gestão eficiente da propriedade.” O pecuarista Crochiquia, habilitado para exportar para o bloco há três anos, destina 100% dos animais para exportação. No último lote, em julho, de 794 animais, só 3 não foram classificados para exportação. “Os animais são todos nascidos na fazenda. Assim não se corre o risco de ter um animal sem garantia de genética”, diz o administrador em Agudos, Leosmar Dionizio. Este ano, Crochiquia abaterá 4 mil animais, todos para exportação. E, pela primeira vez, exportará carne pela Cota Hilton. “O produtor recebe mais, mas há mais exigências.” Segundo ele, a carne exportada via Cota Hilton deve ser oriunda de animais rastreados até os 10 meses de idade. Outra exigência é que tenham nascido em fazenda já habilitada pela UE. “O peso é o mesmo - mínimo 235 quilos -, mas a cobertura de gordura deve ser de 3 milímetros, sem exceder os 8 milímetros.” O consultor Hyberville Neto, da Scot Consultoria, explica que a Cota Hilton prevê a exportação de cortes nobres de carne a tarifas menores de exportação para a indústria. À cota anual, fixa, somente têm acesso países credenciados. Para o ciclo 2011/2012, a cota brasileira é de 10 mil toneladas. Crochiquia diz que dos 4 mil animais abatidos este ano, 2.200 cabeças vão para a Cota Hilton. “O prêmio para quem exporta para a União Europeia varia de 2% a 4% a mais sobre o valor da arroba; na Cota Hilton, a premiação é de 4% a 7%”, diz, satisfeito, o criador. 3 RAZÕES PARA... O pecuarista exportar 1. A indústria costuma pagar um ágio sobre o preço da arroba de animais que serão abatidos para exportação. 2. Para a propriedade ser habilitada para exportar para a União Europeia, por exemplo, o produtor deve investir em gestão. Organização e um bom gerenciamento da fazenda são itens essenciais para quem quer se tornar exportador. 3.Com controle individual do rebanho e manejo sanitário em dia, a propriedade não só produz mais, mas também com mais qualidade. Fonte: O Estado de São Paulo. Economia. Por Fernanda Yoneya. 17 de agosto de 2011.
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