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Brasil gasta 114% mais com a importação de leite até junho


Terça-feira, 23 de agosto de 2011 - 09h30

Apesar dos volumes não representarem um incremento grande na comparação com 2010, brasileiros temem revenda de leite de países do Mercosul - São Paulo O Brasil irá fechar este ano com recorde de gastos com importações de produtos lácteos. No primeiro semestre do ano, o País já comprou US$371 milhões em leite, valor que representa 13% de aumento em relação a todas as aquisições do ano passado, que somaram US$326 milhões. A preocupação do setor não é em relação aos embarques, e sim com a procedência, já que os maiores fornecedores estão no Mercosul, e o hábito de revender lácteos de outros países se tornou uma prática habitual. Conhecido no mercado como “triangulação de mercadorias”, o hábito de comprar determinado produto de outro país e vender como se fosse de sua própria produção, tem sido uma prática recorrente no Mercosul, principalmente em relação às vendas de lácteos. O Brasil, que há tempos tenta diminuir a sua cota de importação de leite da Argentina é uma das vítimas dessa ação. Segundo o presidente da Associação Brasileira dos produtores de Leite (Leite Brasil), Jorge Rubez, essa prática acaba deixando as portas do Brasil escancaradas para a entrada de grandes volumes de leite, ação que pode interferir nas comercializações do mercado interno. Em recente reunião no Rio Grande do Sul, entre entidades, produtores e representantes da Argentina e do Brasil a negociação que estabeleceria cotas mensais de importação de leite em pó do país vizinho, não foi aceita pelos fornecedores. “Nós fizemos uma reunião no Rio Grande do Sul para tratar dessa limitação nos volumes importados de leite pela Argentina, no entanto eles não aceitaram o acordo. Na verdade o leite que está entrando aqui no Brasil não altera muito o mercado, o nosso medo é que eles façam a triangulação, trazendo leite de outros países trocando a embalagem e mandando para o Brasil. Vamos acompanhar a produção da Argentina, o consumo, e as exportações, para sabermos se é possível exportar o que eles mandam para cá”, disse Rubez. Enquanto as discussões tendem a continuar nesse sentido, o Brasil segue importando quantidades maiores do produto para suprir a demanda interna, que hoje está na casa dos quase 32 bilhões de litros. A produção brasileira deve atingir este ano 31 bilhões de litros, contra os 30 bilhões do ano passado. A diferença entre este ano e o ano passado não está na quantidade que foi importada, e sim, no preço pago pelo produto. No primeiro semestre deste ano o País importou 84,4 milhões de toneladas, e pagou por isso o equivalente a US$371 milhões. No ano passado inteiro as compras foram de 112 milhões de toneladas, com gastos registrados de US$326 milhões. “O preço médio do leite em pó que é o principal produto exportado, apesar das recentes quedas no mercado internacional, está mais alto que o ano passado. Na Europa e na Oceania, que são os principais exportadores de leite do mundo, o valor do leite em pó estava na média US$4,8 mil por tonelada, e no ano passado US$3,6 mil por tonelada”, disse Rafael Ribeiro analista da Scot Consultoria. A Argentina fechou este semestre com participação de 49,5% no valor total das importações, seguida pelo Uruguai com 23,8%, Chile com 3,7%, França com 2,9%, e Estados Unidos com 1,4%. Para Ribeiro o Brasil deve fechar o ano com um volume de importação de lácteos superior a 140 milhões de toneladas. No mercado interno os valores do produto também seguem em alta, acumulando, neste primeiro semestre, alta de 11%. A média do preço ao produtor nesse primeiro semestre foi de R$0,77 por litro, contra os R$0,69 do ano passado. Entretanto os custos de produção estão 41% mais altos este ano na comparação com o ano passado, fator que diminui os ganhos do produtor. “Hoje o Brasil está pagando mais de R$0,80 o litro que seria muito bom para o produtor, o grande problema está no custo de produção, pois alguns estados como São Paulo sofrem demais com a alta das commodities”, contou Rubez. Fonte: DCI. Agronegócios. Por Daniel Popov. 19 de agosto de 2011.
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