Custos de produo elevados e oferta ajustada pressionaram o mercado de carnes em agosto, afetando ndices de inflao no pas. Apesar de o cenrio persistir, a retrao do consumidor - por conta da alta dos preos e do perodo do ms - j comea a se refletir nas cotaes, principalmente de frango e suno.
Depois de atingir R$2,15 por quilo no interior de So Paulo no dia 23 de agosto, o frango vivo passou a recuar e se estabilizou em R$2,00, de acordo com a Jox Assessoria Agropecuria.
J a arroba do boi est na casa de R$100 (a prazo) em So Paulo, sem grandes oscilaes recentes, segundo acompanhamento da
Scot Consultoria, num mercado firme. A arroba do suno ficou em R$41 ontem, conforme a Jox, queda de 23,4% sobre os R$53,50 de um ms atrs.
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Oto Xavier, da Jox, diz que a forte valorizao do frango em agosto ocorreu porque houve um ajuste para baixo na produo de aves diante dos custos de produo elevados e da queda nas exportaes do produto.
Os ltimos dados sobre a disponibilidade de carne de frango no Brasil mostram que em julho a produo total foi de 1.094.724 de toneladas, com exportaes de 310.874 toneladas, segundo a Associao Brasileira dos Produtores de Pinto de Corte (Apinco). Em junho, a produo havia sido de 1.089.220 toneladas e a exportao, de 331.321 toneladas.
De acordo com fontes do setor, o alojamento de pintos de corte, cujos nmeros oficiais tm defasagem de trs meses, est em queda em relao a maio, quando foi de 536 milhes de aves.
A forte alta do milho, principal insumo da rao do frango, uma das razes para o setor ter colocado o p no freio. Em 12 meses at a sexta-feira, o indicador Cepea/Esalq para o milho se valorizou 39,45%, conforme o Valor Data. O setor trabalhou maio e junho com prejuzo, afirma Jos Carlos Godoy, secretrio-executivo da Apinco. Enquanto o custo de produo de um quilo de frango estava em R$1,80 em So Paulo, o produto era negociado a R$1,50 naquele perodo, acrescenta.
O custo elevado e a demanda firme por carne suna por conta do inverno fizeram o animal vivo registrar altas expressivas em julho, que persistiram at meados de agosto, mas perderam fora. Uma das razes para a queda o embargo da Rssia a estabelecimentos exportadores de produto do Brasil, avalia Pedro de Camargo Neto, presidente da Associao Brasileira da Indstria Produtora e Exportadora de Carne Suna (Abipecs). Oto Xavier acrescenta que a alta em julho e parte de agosto acabou afetando a demanda.
Ainda que tambm tenha sido atingido pelo tradicional recuo da demanda no fim do ms, o boi gordo tem cotaes firmes. E assim deve seguir nas prximas semanas, afirma
Hyberville Neto, da
Scot Consultoria. A razo a expectativa de que o consumo cresa nesta poca do ms, quando ocorrem os pagamentos de salrios.
Segundo o analista da
Scot, em relao a 2010, o consumo est mais moderado em funo da forte alta das cotaes da carne. Houve uma mudana de patamar dos preos, afirma ele.
No ano passado, o traseiro bovino avulso chegou a bater R$9,00 o quilo no atacado em So Paulo na primeira semana de novembro. O dianteiro chegou a R$5,50 no mesmo perodo. Caram, mas seguem firmes. Na sexta, o traseiro ficou com valor mdio de R$7,75 e o traseiro, de R$4,60, segundo a Scot.
De acordo com ele, a tendncia a oferta crescer um pouco de agora at outubro por conta da entrada de animais de confinamento no mercado, mas, observa ele, a oferta ainda ajustada.
Fonte:
Valor Econmico. Agronegcios. Por Alda do Amaral Rocha. 5 de setembro de 2011.
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