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Scot Consultoria

Boi: frigoríficos reduzem abates para impedir alta da arroba


Quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015 - 17h37

Frigoríficos de diversas regiões do País estão reduzindo os abates para evitar que os preços do boi no mercado físico fiquem ainda mais altos. Em alguns casos, fontes relatam inclusive a ocorrência de férias coletivas nas plantas industriais em praças como Goiás e Mato Grosso do Sul.

"As escalas estão muito ruins. O que prejudica é uma falta de resposta no consumo de carnes e o ritmo das exportações, que ainda esboçam uma modesta recuperação", afirma Aedson Pereira, analista da Informa Economics FNP. "O frigorífico acaba enfrentando uma condição de margem muito apertada. Se for comprar gado, não tem como repassar (os preços altos) ao consumidor", completou.

Além disso, as indústrias ainda se deparam com a falta de oferta de animais terminados, situação esta que persiste desde o ano passado. Em São Paulo, as empresas adotam a estratégia de comprar animais em praças vizinhas para preencher escalas e controlar estoques. Segundo levantamento da Scot Consultoria, ontem o preço de referência no Estado permaneceu em R$ 143,50 à vista e R$ 144,50 a prazo pela arroba. Em Dourados (MS), as cotações também ficaram inalteradas, a R$ 138 pela arroba à vista e R$ 140 a prazo. 

O bloqueio de importantes estradas brasileiras pelos caminhoneiros também está sendo sentida pelo setor. Com a dificuldade no transporte de carcaças para os centros de consumo e zonas portuárias, em algumas regiões as câmaras frias começam a apresentar excedentes. Caso o cenário persista, agentes acreditam que é possível que a indústria lance uma pressão de baixa sobre os preços do boi gordo no físico, tendo em vista suas possíveis perdas ao descumprir contratos, sobretudo no mercado externo.

Ainda na terça-feira, o indicador Esalq/BM&F fechou em leve queda de 0,29%, a R$ 143,37/arroba à vista. A prazo, a cotação ficou em R$ 143,74/arroba, queda de 0,87% ante o fechamento do dia anterior. No mercado futuro, o contrato fevereiro, com 344 negócios fechados, teve leve queda de 0,04%, para R$ 143,87/arroba. Já o maio, com 732 contratos negociados, aumentou 0,09%, para R$ 143,76/arroba. 

No atacado, os preços continuam estáveis, ante uma oferta de animais ajustada à fraca demanda por carne. De acordo com o analista Gustavo Aguiar, da Scot, a estabilidade deve permanecer por causa da situação macroeconômica delicada e da inflação em alta, o que tende a limitar o consumo. "Não devemos ter, pelo lado da demanda, um cenário que deve ser positivo", avalia. Ontem, a consultoria verificou estabilidade nos preços do quilo do boi inteiro (R$ 8,26), no traseiro (R$ 10,60) e dianteiro (R$ 6,10).

Fonte: Agência Estado, por Renato Oselame - São Paulo/SP (publicado em 25/02/2015).


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