A demanda por carne no mercado doméstico permanece fraca, mas atingiu níveis capazes de manter os atuais preços no atacado, que subiram pela última vez em 27 de fevereiro. À época, a valorização foi decorrente de problemas de distribuição causados pela paralisação dos caminhoneiros, mas agora os preços refletem o consumo. Os efeitos desse processo já são sentidos em algumas praças no mercado físico.
"O início do mês não gerou aumento expressivo na demanda, mas está sendo suficiente para sustentar a última valorização", afirma Hyberville Neto, analista da Scot Consultoria. O especialista ressalta que, ainda assim, as margens dos frigoríficos seguem em níveis historicamente baixos, pressionadas pela oferta reduzida de animais.
A elevada cotação da arroba também dita tom de timidez às ações da indústria no mercado físico. Os frigoríficos optam por reduzir suas escalas de abate para não gerar uma tendência de valorização do boi gordo. Para atender o consumo, contudo, algumas empresas são levadas à compra.
"Mesmo sem uma recuperação consistente no atacado, surge a necessidade da indústria de comprar gado para não ficar sem abater", avalia Aedson Pereira, da Informa Economics FNP. "Em São Paulo, onde a escassez de oferta está em níveis críticos, chegamos a ouvir propostas de compra de R$ 147 por arroba no mercado à vista".
Em levantamento realizado na terça-feira, a Scot verificou estabilidade nos preços do boi gordo em São Paulo, com cotação de R$ 144 à vista e R$ 145 a prazo pela arroba. No entanto, como parte da estratégia da indústria paulista é evitar este mercado e negociar com praças fora do Estado, as cotações têm subido em outras localidades. Ontem, esse movimento causou alta na região Sul de Goiás, em Goiânia (GO), Campo Grande (MS) e Três Lagoas (MS). Em Dourados (MS), no entanto, a arroba permaneceu inalterada em R$ 139 à vista e R$ 141 a prazo.
Ontem, a Scot também observou a manutenção dos valores atuais do quilo do boi inteiro (R$ 8,51), do traseiro (R$ 10,80) e do dianteiro (R$ 6,40), de acordo com a tendência indicada por Neto.
O indicador do boi gordo Esalq/BM&F à vista caiu 0,45% ontem, e fechou a R$ 143,86/arroba. A prazo, a cotação recuou 0,13%, para R$ 144,76/arroba. No futuro, o contrato com vencimento em março, com 263 contratos negociados, teve queda de R$ 1,01, para R$ 145,92/arroba. O maio, agora o mais líquido com 1.596 negócios fechados, recuou R$ 0,61, para R$ 146,23/arroba.
Fonte: Agência Estado, por Renato Oselame - renato.oselame@estadao.com - São Paulo/SP (publicado em 11/03/2015).
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