A melhora na oferta de bois prontos permitiu aos frigoríficos alongar suas escalas de abate na última semana e essa situação mais confortável começa a pressionar as cotações. Em algumas praças pecuárias os preços cederam nesta segunda-feira. Em São Paulo, os valores de referência não variaram mas há indicativos de que frigoríficos podem fechar negócios a preços mais baixos. O indicador Cepea/Esalq caiu 0,29% ontem, para R$ 149,93/arroba. A prazo, a cotação recuou 0,22%, para R$ 151,67/arroba.
Na BM&FBovespa, a maioria dos contratos futuros encerrou em queda, mas a variação foi menos significativa do que na semana passada. O papel para maio, de maior liquidez, recuou R$ 0,14, para R$ 147,69. O outubro caiu R$ 0,16, para R$ 154,97. Já o abril, que vence nesta quinta-feira, subiu R$ 0,45, para R$ 149,60.
No mercado físico, com a indústria abastecida, a negociação foi mais fraca neste início de semana. Além disso, o atacado demanda menos nesta época de retração do consumo. Em Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais, as escalas de abate ultrapassam os cinco dias úteis, o que deu fôlego a frigoríficos para que pressionassem as cotações. Segundo a Scot Consultoria, a arroba caiu no norte de Minas Gerais (para R$ 133, de R$ 134), no sul de Goiás (R$ 141, de R$ 142) e em Campo Grande (R$ 143, de R$ 144).
O Cepea também apurou queda da arroba em Campo Grande, onde a referência foi a R$ 141,70 (-R$ 0,72). Em Três Lagoas (MS), houve recuo de R$ 1,06, para R$ 140,67 e em Goiânia, a cotação caiu R$ 0,45, para R$ 138,90. Todos os preços consideram a arroba à vista e sem o Funrural. A Informa Economics FNP, observou queda de R$ 1/arroba em Campo Grande (R$ 144), Goiânia (R$ 142) e no Triângulo Mineiro (R$ 141).
Em São Paulo, a Scot e o BESI Brasil registraram estabilidade de preços em R$ 150/arroba à vista. A Informa, por outro lado, indicou que frigoríficos não estão dispostos a pagar mais pela arroba. O preço de referência da consultoria também caiu, para R$ 151, de R$ 152.
O recuo de preços no mercado físico deve se tornar uma tendência mais sólida em maio, quando pecuaristas tendem a vender mais animais para garantir pasto durante o período seco. No entanto, a produção restrita de animais para abate deve limitar a queda. "Em maio o preço pode cair, mas é preciso ter cautela. Não acredito que haverá uma desvalorização muito intensa", avalia Alex Lopes, analista da Scot.
Persiste a dificuldade no escoamento da produção de carne. Enquanto as vendas para o atacado seguem em passos lentos, as exportações ainda não esboçam recuperação em abril, no comparativo com o ano passado. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) dão conta de que o volume de carne in natura exportado diariamente nas quatro primeiras semanas do mês foi de 4,4 mil toneladas.
O número é cerca de 4% inferior ao registrado em abril de 2014 (4,6 mil toneladas/dia). Nesse cenário, a Scot apurou estabilidade nos preços da carne. O quilo do boi inteiro ficou em R$ 9, com o traseiro a R$ 10,40/quilo e o dianteiro a R$ 7,70/quilo.
2015
Em relatório a clientes, o BTG Pactual estima que a oferta total de gado deve cair 3% em 2015 em relação ao ano passado. "Com uma tendência de queda na oferta de bois, é difícil acreditar que a indústria encontrará gado suficiente para apoiar o crescimento orgânico em volume", afirmam os analistas Thiago Duarte e Jose Luiz Rizzardo no documento. No entanto, o BTG Pactual espera que a produção recorde de bezerros nos últimos anos aumente a disponibilidade de bois a partir de 2016. "Diferentemente de ciclos negativos observados no passado, que duraram mais de três anos, esse ciclo irá se reverter mais rapidamente", afirmam.
Fonte: Agência Estado. Extraído do portal Futuros Agrícolas, publicado em 28/04/2015 - http://www.futurosagricolas.com.br/conteudo/boi-melhora-na-oferta-pressiona-arroba-em-varias-pracas.html
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