A tática de frigoríficos de limitar as compras para forçar novas quedas de preço da arroba no mercado físico tem surtido efeito em algumas praças mas em outras já mostram esgotamento. Em São Paulo, por exemplo, ontem pecuaristas já se recusaram a negociar por valores abaixo da referência.
O esperado aquecimento das vendas no atacado para atender o consumo de carne bovina na virada do mês faz com que pecuaristas também administrem a oferta de lotes de animais prontos. Uma melhora do escoamento no mercado doméstico favorece novas altas de preço da carne, com recuperação das margens dos frigoríficos. Se isso se confirmar, o cenário se inverte e devem ser os produtores a pressionar a indústria por preços melhores.
Em São Paulo, pecuaristas se recusam a vender lotes a R$ 145/arroba, preço mínimo oferecido por frigoríficos, e a arroba se firmou na quarta-feira, após dois dias consecutivos de queda. Segundo a Scot Consultoria, a cotação no Estado é de R$ 147 à vista. Já a Informa Economics FNP vê a referência em R$ 148. O indicador Cepea/Esalq fechou em queda ontem, a R$ 146,54/arroba à vista (-0,30). A prazo, no entanto, a cotação subiu 0,43%, para R$ 147,74/arroba.
No Tocantins, analistas afirmam que os produtores também não aceitam os valores oferecidos e postergar as vendas. No norte do Estado, a cotação caiu R$ 2 na terça-feira, segundo a Scot, mas esboçou recuperação de R$ 1 ontem, a R$ 129/arroba à vista. A Informa apurou cotação estável para pagamento em 30 dias. Em Araguaina, a R$ 130, e em Gurupi, a R$ 133. Já o Cepea viu alta de R$ 0,57 da arroba no Estado, para R$ 130,57, em valor à vista e sem o Funrural.
No geral, há um contexto de menor disponibilidade de bois no Centro-Sul do Brasil, o que permite altas pontuais da arroba. No sul de Minas Gerais, a dificuldade nas compras elevou a cotação a R$ 136, de R$ 135 no dia anterior, segundo a Scot. No Pará, a demanda ditou alta da arroba em Redenção, para R$ 129, de R$ 128, de acordo com a Informa.
No entanto, em outras praças a indústria tem maior poder de barganha, seja pelas escalas de abate mais longas, pelos estoques de carne em alta ou pela maior oferta de animais terminados. Nestas regiões, pecuaristas cedem para fechar lotes. Em Belo Horizonte, a arroba caiu para R$ 135, de R$ 136 na terça-feira, segundo a Scot. Em Goiânia, a queda foi de R$ 0,98/arroba, para R$ 133,18, segundo o Cepea, também em valor à vista que desconsidera o imposto rural. "No geral, o mercado segue pressionado e é mais provável que ocorram desvalorizações", afirma Hyberville Neto, analista da Scot.
Apesar disso, a pressão de baixa no mercado físico pode diminuir nos próximos dias. Em breve, atacadistas devem retomar as compras de carne bovina em antecipação à melhora do consumo doméstico, prevista para o início de junho. "A grande questão é quanto essa demanda (sazonal) irá avançar. Por enquanto, as melhoras têm sido sutis", afirma Neto, ao analisar o desempenho do atacado neste ano.
Na quarta-feira, os preços no atacado permaneceram estáveis. Segundo a Informa, o quilo do traseiro do boi está em R$ 10,70, o do dianteiro em R$ 7,30 e o do ponta de agulha em R$ 6,90.
Futuros
Na BM&FBovespa, os contratos futuros "andaram de lado" no pregão da quarta-feira, com variações apenas pontuais. O maio ficou praticamente estável, com ganho de R$ 0,03, a R$ 146,85. O outubro, por outro lado, caiu R$ 0,24 e foi a R$ 151,78.
Fonte: Agência Estado, publicado em 28/05/2015. Extraído do portal Futuros Agrícolas - http://www.futurosagricolas.com.br/conteudo/boi-preco-cede-em-sp-e-sobe-em-outros-estados-cenario-e-de-pressao.html
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