Os preços da arroba seguem pressionados. A indústria tem oferecido valores cada vez menores pelo boi gordo em uma tentativa de convencer pecuaristas de que os fundamentos do mercado ditam preços mais baixos. Pelo lado da oferta, espera-se que produtores aumentem a quantidade de bois à venda com o avanço no inverno. Já a demanda pelos animais está reduzida.
Frigoríficos têm aumentado artificialmente suas escalas, ao "pular dias de abate", para evitar comprar muitos lotes, aproveitando que as vendas de carne no atacado não apresentam recuperação sólida. Na sexta-feira, parte dos produtores paulistas precisou gerar caixa e cedeu na queda de braço. Com isso, a arroba caiu e está entre R$ 146,50 (Scot Consultoria) e R$ 147 (Informa Economics FNP). Os valores são para pagamento à vista. Na sexta-feira, o indicador Cepea/Esalq subiu 0,12%, para R$ 145,27/arroba à vista. A prazo, a cotação cedeu 0,23%, para R$ 145,00/arroba.
Na BM&FBovespa, os contratos futuros tiveram dia de relativa estabilidade na sexta-feira, com variações pontuais e sem uma direção definida. O outubro subiu R$ 0,09, para R$ 151,71, com 2.837 negócios fechados. Já o papel referente a junho teve dia de baixa liquidez, com apenas 69 movimentações, e caiu R$ 0,19, para R$ 146,80.
No físico, a Scot viu queda de R$ 0,50/arroba nas cotações no Triângulo Mineiro (para R$ 134,50), Belo Horizonte (R$ 135,50), oeste de Maranhão (R$ 129,50) e sudeste de Rondônia (R$ 128,50). A referência também caiu no sul de Tocantins, para R$ 133, ante R$ 134 na quinta-feira. A Informa também apurou desvalorização do boi no Triângulo Mineiro na sexta-feira, mas para essa consultoria a queda foi de R$ 1/arroba, para R$ 135/arroba à vista. Além disso, a cotação caiu em Dourados (MS), onde a referência atingiu o patamar de R$ 140, ante R$ 141 à vista no dia anterior. Para o Cepea, a queda nesta praça foi maior, de R$ 2,24, para R$ 135,66 à vista sem o Funrural.
Em outros Estados, a oferta reduzida de animais para abate é a principal força a determinar preços no físico. No Rio Grande do Sul, a Scot apurou valorização do boi pelo terceiro dia consecutivo. Em Pelotas e no oeste do Estado, o quilo do animal vivo chegou a R$ 5,25 (+ R$ 0,05). Para o Cepea, a arroba avançou R$ 0,44 em Goiânia, para R$ 131,33, e em Colíder (MT), R$ 0,39, para R$ 125,51. Os preços, mais uma vez, consideram a arroba à vista e descontam o imposto rural.
No atacado, a Scot apurou estabilidade de preços, enquanto a Informa indicou valorização pontual da carne. Segundo analistas desta consultoria, a alta da sexta-feira se deve à demanda de distribuidores que deixaram seus estoques caírem nos últimos dias. Todos os cortes subiram R$ 0,20/quilo, com o traseiro cotado a R$ 11,10, o dianteiro a R$ 7,90 e o ponta de agulha a R$ 7,40.
Mercado externo
Em relatório publicado no fim da semana passada, o BTG Pactual afirma que dados preliminares das vendas externas de carne bovina in natura "indicam uma recuperação marginal em relação aos meses anteriores". Segundo os analistas, os volumes exportados ainda estão 3,6% menores, ante igual período de 2014, mas estão melhores em relação a abril e maio, cujas quedas foram de 9% e 13%, respectivamente.
O BTG Pactual também afirma que o anúncio da abertura do mercado norte-americano à carne in natura, prevista para junho, as negociações com o Japão para permitir os embarques ainda este ano e a provável retomada das vendas à Arábia Saudita no segundo semestre fazem com que o contexto seja positivo para o setor.
"Considerado tudo, o cenário para as exportações de carne bovina do Brasil parece melhor no segundo semestre do ano", afirmam os analistas Fernando Ferreira, Isabella Simonato e João Almeida. Dentre as companhias cujas ações são negociadas na BM&FBovespa, eles consideram que a Minerva é a de maior exposição à melhora nos embarques.
Fonte: Agência Estado. Extraído do portal Futuros Agrícolas, publicado em 22/06/2015 - http://www.futurosagricolas.com.br/conteudo/boi-pressao-no-fisico-continua-e-produtores-cedem-em-sp.html
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