(São Paulo) A queda da arroba nas últimas semanas de junho afetou o Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária no segundo trimestre, afirma o diretor-fundador da Scot Consultoria, Alcides Torres Júnior. Segundo o especialista, o ajuste produtivo realizado pela indústria levou a uma forte pressão dos preços do boi a partir do dia 12 de junho, o que afetou negativamente o desempenho da pecuária no cálculo do PIB. "O pecuarista teve de engolir a queda do preço e vendeu menos bois", observa Torres Júnior. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor registrou alta de 1,8% no período, em relação a 2014, mas caiu 2,7% ante o trimestre anterior.
O diretor afirma que mais de 40 frigoríficos fecharam as portas, com a demissão de 11 mil trabalhadores no primeiro semestre, o que também limitou a produção no período. A maior parte das unidades fechou as portas entre abril e junho, período em que as margens dos frigoríficos atingiram mínimas. No entanto, Júnior ressalta que a pecuária vivenciou nos últimos dois anos uma situação considerada "rara", em que a remuneração por hectare foi maior que a do cultivo da soja e do milho. Sob essa ótica, o comparativo anual fica prejudicado.
Por outro lado, a valorização do dólar ante o real contribuiu para que a pecuária ajudasse o PIB nacional, apesar de os volumes embarcados terem finalizado o primeiro semestre em forte queda. "Caiu o volume exportado, caiu o faturamento em dólar, mas não a receita em real", nota. O diretor da Scot também pondera que o Brasil registrou dois anos recordes de exportação, e que os resultados de 2015 não são necessariamente ruins. "Se comparamos o resultado com 2012 e 2010, por exemplo, estamos bem. Não estamos em uma crise de exportação. Para um ciclo de baixa oferta de boi, o desempenho na exportação está bom", afirma.
Fonte: Estadão Conteúdo, por Renato Oselame. 28/08/2015.
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