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Scot Consultoria

Turbulência dentro e fora do pais


Quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017 - 09h45

Foto: Scot Consultoria


O ano de 2016 foi marcado por grandes mudanças nos cenários políticos e econômicos em todo o mundo. Eventos como a saída do Reino Unido da União Europeia (o chamado Brexit) e a eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos abalaram os mercados com previsões de consequências para os anos seguintes.

No Brasil, a situação não foi diferente, com o agravante das importantes mudanças provocadas pela troca de presidente e pelas votações de emendas constitucionais, que impactam diretamente nos gastos do governo federal, a economia brasileira passou por grandes oscilações, afetando o bolso da população. Esses efeitos foram sentidos também na pecuária de corte, que busca uma retomada no seu desenvolvimento a partir de então.

Esses assuntos estiveram em pauta durante o Encontro de Analistas realizado pela Scot Consultoria (Bebedouro/SP). O debate reuniu profissionais do segmento de pecuária de corte no auditório da Dow Agrosciences, na capital paulista, em 25 de novembro para analisar questões sobre macroeconomia, mercado do boi gordo e a qualidade da carne produzida no Brasil.

O encontro teve como objetivo trazer reflexões sobre a união da cadeia e os rumos da economia, de acordo com o diretor da Scot, Alcides Torres. “Certamente, a ideia como fomento da pecuária é um dos objetivos sociais para contribuir com os participantes do nosso evento. Quem acompanha o debate sai melhor, pois existe uma troca de informação grande”, relata.

Em relação ao cenário econômico, Alcides entende que o ano de 2017 deve ter poucas alterações: “O preço ficará estável neste ano e não deve cair, pois não se trata de lucro. São coisas distintas. Apesar dos indicadores demonstrarem a queda e alguns especialistas apontarem para um ano ruim, este índice deve se sustentar no período”, explica.

Visão compartilhada pelo consultor agro do Banco Itaú BBA, Guilherme Bellotti de Mello: “Para 2017, esperamos um aumento do PIB do Brasil, ainda que numa base muito baixa. Isso ainda não teria um efeito muito grande no mercado interno, pois o consumo das famílias seguirá prejudicado por mais um ano, o consumidor continuará desconfiado por enquanto.

Para 2018, caso os índices continuem crescendo, eles permitem uma melhora na confiança do comprador”, pondera. Já o economista Alexandre Mendonça de Barros, da MB Agro (São Paulo/SP) tem uma visão mais positiva sobre o assunto, uma vez que os preços dos produtos alimentícios estão em queda. “Não quer dizer que não haverá crescimento imediato no consumo, mas o setor de alimentos vai começar antes, e este pode ser um alento para o cenário econômico.

A inflação no segmento está caindo muito, tem a ver com fertilizante mais barato, com choque de ofertas melhor, etc. E isso vai mudando o que o consumidor pode pagar e está devolvendo o poder aquisitivo para quem está empregado”, afirma.

EFEITO TRUMP. Um fator importante para determinar os rumos da economia e do setor de alimentos em 2017 é o comportamento dos Estados Unidos nos negócios, devido a mudança de governo com a eleição de Donald Trump para a presidência estadunidense. O encontro teve como objetivo trazer reflexões sobre a união da cadeia e os rumos da economia, de acordo com o diretor da Scot, Alcides Torres. “Certamente, a ideia como fomento da pecuária é um dos objetivos sociais para contribuir com os participantes do nosso evento. Quem acompanha o debate sai melhor, pois existe uma troca de informação grande”, relata.

Diante de uma postura mais agressiva e conservadora de Trump, os analistas presentes discorreram sobre os efeitos de decisões radicais que restrinjam o mercado norte-americano. Para Alcides Torres, uma atitude protecionista do presidente norte-americano pode prejudicar o crescimento mundial: “Uma coisa é os Estados Unidos crescerem em curto prazo, com a política fiscal expansionista para se retroceder num movimento de globalização, caso ele entre em uma guerra comercial”, argumenta.

Por outro lado, Alexandre Mendonça de Barros acredita que as decisões mais protecionistas podem ajudar o mercado externo do Brasil. “Se o Trump romper com o mercado da Ásia, eventualmente sobrará espaço para a carne brasileira. O PIB mundial pode cair, mas não necessariamente afetará o agro brasileiro. É difícil saber qual desenho virá, mas o País é um dos poucos do mundo a ter a política monetária para usar, então poderemos baixar os juros para nossa atividade andar”, revela.

Contudo, deve-se ter atenção com as variações do câmbio e as taxas de juros nos Estados Unidos para saber o seu real efeito na economia, como alerta a analista da Empiricus Research, Marília Fontes: “Se há um crescimento mundial mais fraco e uma taxa de juros mundial menor, qualquer pequeno aumento do índice nos Estados Unidos valoriza muito o dólar, e isso prejudica a inflação”, ressalta.

Apesar das preocupações, quem trabalha com as exportações no Brasil mantém o otimismo. O presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec, São Paulo/SP), Antônio Jorge Camardelli, lembra-se do acordo com os Estados Unidos aprovado no ano passado que permite exportações de carne in natura como um dos exemplos de que os negócios com os estadunidenses podem ocorrer normalmente.

Entretanto, Camardelli adverte que as exportações para os Estados Unidos não devem ter grandes índices nos primeiros meses de 2017. “Uma possível dificuldade é o próprio compasso do mercado, pois especificamente agora exportamos muito pouco e haverá um abate maciço de fêmeas por lá no começo do ano. Isso vai jogar para baixo um pouco do preço, porque é praticamente um dianteiro composto e mais um pouco de recorte para matéria-prima. Até março vamos dar uma patinada, mas a tendência é colocar a bandeira no mercado americano no final de 2017 e começo de 2018”, pondera.

Link da notícia: http://www.revistafeedfood.com.br/pub/curuca/#page/54

Por: Eduardo Casola Filho e Danilo Corrêa, Revista Feed&Food.


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