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A recente recuperação dos contratos futuros do boi gordo na B3 deve estimular a etapa final da temporada de confinamento, por causa da perspectiva de melhora da rentabilidade dos pecuaristas no fim do ano – embora o resultado do acumulado de 2017 ainda deva ser fraco.
O vencimento outubro do boi gordo na B3 já subiu cerca de 12,0% desde a mínima registrada em 21 de junho, de R$119,50 a arroba, na esteira da Operação Carne Fraca, da delação da JBS e da suspensão da importação pelos Estados Unidos, além da virada do ciclo pecuário.
“Até duas semanas atrás, o confinador empatava ou perdia dinheiro”, afirmou Alcides Torres, diretor da Scot Consultoria, ao Broadcast Agro, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado. “Com o preço ao redor dos R$133, a atividade voltou a ser interessante”, disse. O contrato para outubro fechou na última sexta-feira, 28/07, a R$134,24 a arroba.
Apesar disso, resta pouco tempo para a temporada de terminação de gado à base de ração, antes da recuperação das pastagens em outubro – o confinamento leva normalmente três meses. Desta forma, Torres acredita que pecuaristas que têm estrutura própria para a atividade intensiva devem optar por colocar animais no cocho a partir de agora.
O presidente do Conselho de Administração da Associação Nacional da Pecuária Intensiva (Assocon), Alberto Pessina, alertou, no entanto, que não adianta apostar no aumento da disponibilidade de gado se não houver demanda por carne bovina no mercado interno. “No nível atual da B3, começa a ficar viável confinar em algumas praças, mas é preciso olhar o diferencial de base, que a praça de São Paulo”, afirmou Pessina ao Broadcast Agro.
Para ele, poderá haver uma queda na oferta de animais entre agosto e setembro, já que o primeiro giro de confinamento (de maio a julho) foi fraco, com uma desistência entre 5,0% a 13,0%, pelo levantamento da Assocon. No ano passado, o levantamento da Assocon, baseado em 1.400 confinamentos, totalizou 3,2 milhões de bovinos confinados.
O resultado final do confinamento, de toda forma, deve frustrar as expectativas feitas pelo mercado no ano passado. As projeções eram de forte crescimento – para até 5 milhões de cabeças, ante cerca de 3,5 milhões em 2016, na projeção da Scot Consultoria – em virtude da forte queda do preço do milho (principal insumo na atividade) e da reposição. “Sendo otimista, acho que vamos chegar a 3,6 milhões de cabeças”, estimou Torres.
Em relação à recente recuperação do mercado futuro, o analista Caio Toledo, da consultoria INTL FCStone, afirmou que o menor receio do setor com relação às operações da JBS, que tem conseguido vender ativos e renegociar dívidas, estimulou a participação na B3. “Isso traz uma calmaria para as perspectivas”, afirmou.
Outro motivo apontando por Toledo é justamente as fortes oscilações apresentadas pelo preço da arroba ao longo deste ano. “Pecuaristas estão mais atentos ao mercado financeiro para garantir seu preço mínimo. O volume de operações para hedge tem aumentado muito”, afirmou.
Link da notícia: http://istoe.com.br/recuperacao-do-mercado-futuro-sinaliza-melhora-da-rentabilidade-em-confinamento/
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