Foto: www.marfrig.com.br
Foram sete anos de carne de pescoço para a Marfrig, uma das maiores empresas de alimentos do mundo. Antes de julho de 2011, as ações da companhia na bolsa de valores eram negociadas acima de R$14,00 – houve um pico de quase R$23,00, em janeiro de 2010. Mas, a saída de seis fundos do grupo GWI do bloco de acionistas, na metade de 2011, e resultados decepcionantes fizeram o valor do papel cair para menos de R$10,00. Em 2015, a Marfrig estava cotada na casa dos R$4,00. Muitos investidores desconfiavam que o alto endividamento, em torno dos R$10,7 bilhões, não cabia na estrutura da empresa. Era preciso vender ativos para sobreviver, como a marca nacional Seara e a britânica Moy Park para a rival brasileira JBS, por R$5,8 bilhões, em 2013, e por US$1,2 bilhão, em 2015, respectivamente.
A última página dessa revisão da Marfrig está prestes a se concretizar. O mercado espera para os próximos dias a conclusão da venda da Keystone Foods, especializada em produtos industrializados a base de frango, para a também americana Tyson Foods. O objetivo da empresa é se concentrar no mercado de carne bovina. É esperado um pagamento em torno de US$3 bilhões, mais do que o dobro do US$1,26 bilhão de quando adquiriu a operação em 2012.
Entre os atrativos da Keystone está o fato de fornecer matéria-prima para os famosos nuggets da rede McDonald’s, e operações nos EUA e na China. Outras companhias também teriam demonstrado interesse na compra, como a Cargill e a chinesa Cofco. “É um ativo de valor, mas houve uma superprodução de aves nos EUA e a Marfrig está buscando se focar em negócios nos quais pode ganhar mais com escala”, diz Alcides Torres, fundador da Scot Consultoria, especializada em agronegócios. “Seria uma venda estratégica, diferente das de desafogo que fez nos últimos anos.”
Em abril, quando a Marfrig comprou 51% da americana National Beef por US$969 milhões, a venda da Keystone passou a ser uma necessidade. Com receita anual de R$43 bilhões e o posto de segunda maior empresa de abate de bovinos do mundo, atrás da JBS, a Marfrig precisa, não apenas financiar a aquisição, mas também reduzir a sua alavancagem. A dívida bruta da empresa, considerando a compra, fechou o primeiro trimestre deste ano em R$19 bilhões (US$5,7 bilhões). Os planos de Marcos Molina, fundador e presidente do conselho de administração, é fazer com que a alavancagem caia para 2,5 vezes no fim deste ano. Por enquanto, está em 3,6 vezes. As ações, que já subiram 10% em 2018, são negociadas a R$8,00. Se ficar mesmo mais enxuta, a aposta dos analistas é que os investidores recolocarão o papel da Marfrig na casa dos dois dígitos.
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