Foto: Scot Consultoria
O ciclo pecuário - que provoca oscilações sazonais no preço da arroba bovina - tem sido cada vez mais curto no país por causa do uso de tecnologia nas fazendas do país, disse o pesquisador Sergio De Zen, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP), durante o Encontro de Analistas da Scot Consultoria, em São Paulo. "Quando olhamos os números do setor, vemos maior emprego de tecnologia", disse, mencionando, por exemplo, que atualmente o uso de inseminação artificial em tempo fixo (IATF) hoje cobre 10% das fêmeas do rebanho nacional. "Isso permite uma maior produtividade de fêmeas, tanto de bezerros, quanto por área de pasto, reduzindo a oscilação da curva do ciclo pecuário", disse o pesquisador. "Ou seja, a necessidade de manutenção de um estoque de vacas caiu muito, por causa desse aumento de produtividade."
Nos abatedouros, as fêmeas têm ocupado o lugar do boi castrado em relação à qualidade de carne, informou o CEO do frigorífico Frigol, Luciano Pascon. "Temos percebido o abate, ao longo dos anos, de fêmeas cada vez mais jovens, de alto padrão genético e que garantem uma matéria-prima que é o que o consumidor busca em termos de qualidade, frequência e volume."
Para o consultor Ivan Wedekin, da Wedekin Consultores, é natural que, com evolução tecnológica na pecuária de corte, se abatam mais fêmeas. "Nos Estados Unidos, há 40 anos, já havia essa tendência, com abate de 40% das fêmeas no total de bovinos." Wedekin disse, ainda, que de dez anos para cá vemos uma diferença muito grande do perfil de fêmeas abatidas, com rendimento de carcaça equivalente ao de um boi gordo. Com vacas de melhor padrão, Wedekin considera que elas podem, sim, estar contribuindo para uma menor volatilidade do preço da arroba do boi gordo.
Por: Tânia Rabello
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