Os custos de produção estão em alta na pecuária. Apesar de a reposição de animais apresentar alguns sinais de uma possível baixa nos próximos meses, ainda deve se manter valorizada. E não só ela, mas também os insumos, como milho e soja. Neste cenário, existe tem algum fator que possa trazer alento aos pecuaristas?
Para o médico veterinário Hyberville Neto, consultor de pecuária da Scot Consultoria (Bededouro, SP), há estratégias, sim, para os fazendeiros verem suas contas mais ajustadas, e o pasto é a principal delas.
“Pensando na pastagem, já fizemos esses estudos e inúmeras simulações. A partir do momento que essa passagem é intensificada, a lotação do gado no aumenta e há ganho de peso adicional. Quando as contas são feitas da maneira correta, a diluição de custos ocorre em outros pontos da fazenda. Ela paga o investimento e realmente é a saída”, avalia Neto.
O especialista no mercado do boi foi o convidado do programa DBO Entrevista, que foi ao ar na última segunda-feira, 19 de abril. O tema principal, a princípio, era os impactos sobre o possível incremento na chegada de bezerros, levantada pelo Portal DBO em algumas matérias, a partir do depoimento de analistas de mercado e até de pecuaristas.
No entanto, com uma avaliação mais contida, Hyberville Neto não estima uma entrada de animais muito significativa nos próximos meses, apesar de haver, sim, um leve aumento na oferta. No entanto, segundo ele, a oferta ainda será limitada, o que fará o preço da reposição continuar firme.
“Por enquanto nós não observamos acréscimo na oferta. Ela segue restrita e como um ponto importante de sustentação das cotações. A relação de troca segue em patamares desafiadores”, disse.
O pasto tornou-se um ponto mais que do que positivo para os pecuaristas este ano, especialmente nas regiões onde choveu bem, podendo influir numa boa produtividade. Outro ponto a se destacar, na visão do consultor, são os sistemas de produção dedicados ao ciclo completo, ou seja, da cria à terminação. Segundo Neto, as melhores margens estão reservadas aos produtores que não dependem exclusivamente da compra de bezerros.
Para Neto, as vendas de carne bovina brasileira no exterior ganham até mais força, numa conjunção do maior apetite da China à proteína vermelha, um possível afastamento da Argentina nas exportações de carne e o enfraquecimento das vendas da Austrália.
A carne australiana, hoje, é disparadamente a mais cara do mundo. O país que mantinha bom comércio no gigante asiático, vê sua participação minguar pela competitividade do preço da carne nacional.
“A China segue comprando bem. As exportações nas primeiras duas semanas de abril aumentaram 9% na comparação com o mesmo período do ano passado”, diz Neto.
Matéria originalmente publicada em:
Intensificação de pastagem é o ponto de partida para a redução de custos, diz consultor da Scot
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