Foto: Globo Rural
Na Fazenda Ressaca, da Agropecuária Grendene, em Cáceres (MT), parte das áreas são destinadas às pastagens perenes no sistema de integração lavoura-pecuária (ILP) consorciada ao sorgo.
Esse é um exemplo de adoção de práticas para melhorar a produção agropecuária ao mesmo tempo que se torna uma forma de adaptação a condições dos microclimas locais.
O sistema evidencia uma aposta na recria intensiva a pasto (RIP), como identificaram técnicos da Scot Consultoria.
Além disso, outro método que chama a atenção o no Estado é Terminação Intensiva a Pasto, a TIP. Com a técnica, a engorda do macho que, em geral, é feita em confinamento no cocho, passa a ser no pastejo.
De acordo com a consultoria, essa é uma tendência identificada na região entre os dias 1º e 5 de julho, quando especialistas realizaram a segunda rota do Confina Brasil.
No caso da Fazenda Grendene, o confinamento difere do uso convencional, sendo utilizado não apenas para terminação de animais, mas para a preparação de lotes destinados aos leilões e para a prática chamada de ‘sequestro’ de bezerros, estratégia que permite o manejo eficiente da lotação durante as épocas de chuva e seca.
No início do mês, técnicos da Scot visitaram propriedades nos municípios de Cáceres, Pontes e Lacerda, Vila Bela de Santíssima Trindade, Campos de Júlio e Sapezal. Segundo os especialistas da equipe, a adoção da terminação intensiva a pasto (TIP) e da recria intensiva a pasto (RIP) contribuem para um modelo de produção mais eficiente.
De acordo com as observações da expedição, pecuaristas também estão utilizando resíduos da agricultura, sobretudo da lavoura de algodão, como base da dieta dos bovinos. Além disso, os dejetos gerados nos confinamentos se tornam adubo para as lavouras e pastagens.
"A RIP se destaca na fase inicial de crescimento dos animais e é especialmente vantajosa para pecuaristas que buscam acelerar o ciclo produtivo dos bovinos, garantindo que atinjam o peso ideal para a fase de terminação", explica a nota técnica da expedição.
Para adotar esta ação, os técnicos recomendam que sejam áreas bem manejadas, com pastagem de qualidade e suplementação nutricional adequada.
Já a TIP ajuda a acelerar o tempo de terminação do rebanho, fornecendo um concentrado no cocho, enquanto a fonte volumosa de engorda vem do pastejo.
É o caso da fazenda Morada do Sol, também sediada em Cáceres, que tem explorado intensivamente a terminação e recria de animais no pasto.
Originalmente dedicada à cultura da soja até 2012, os proprietários precisaram se adaptar diante dos índices de chuva na região. O solo tem bom teor de argila para plantio, mas a seca vem se dividindo com períodos de fortes chuvas, o que tornou a produção inviável em alguns anos. O investimento em pastagens, utilizando adubação orgânica proveniente do confinamento, tem ajudado.
"A abundância de pastagem possibilitou à Morada do Sol intensificar a terminação e recria dos animais a pasto", explica a nota técnica.
Outro exemplo é da Fazenda Santo Expedito, no município de Pontes e Lacerda. Lá, os proprietários realizam ciclo completo, com cria, recria e engorda de bovinos, utilizando as práticas de TIP e RIP.
"Essa abundância de pastagem possibilitou a Morada do Sol intensificar a terminação e recria dos animais a pasto, resultando em um sistema de engorda mais econômico durante a maior parte do ano", informa a nota.
Uma das fontes reaproveitada para dieta animal é o bagaço de cana-de-açucas, em especial nos meses secos, quando o confinamento se torna mais viável.
Manejo semelhante foi encontrado na Fazenda Santo Expedito, no município de Pontes e Lacerda. Atualmente, a fazenda realiza ciclo completo, com cria, recria e engorda de bovinos, utilizando amplamente as práticas de TIP e RIP. Na área de agricultura, cultivam milho safra e capim de maneira integrada.
"A produção agrícola é destinada à demanda da pecuária. O confinamento é empregado estrategicamente, visando otimizar a taxa de lotação da propriedade nas águas e servindo de estratégia para aliviar as pastagens na seca", pontuaram os técnicos da Scot.
A consultoria agrega que em Mato Grosso, maior produtor de algodão do Brasil, especialmente nas regiões oeste e sudeste, a produção local facilita o uso desses derivados, causando um maior aproveitamento do rebanho e da fertilidade dos solos.
"Um dos aspectos importantes da estratégia de utilização dos subprodutos do algodão é o seu baixo custo, tornando a composição nutricional desses insumos mais econômica e resultando em uma arroba produzida a um custo menor", acrescentou o boletim.
Matéria originalmente publicada em: Pecuarista de MT amplia terminação do rebanho no pasto e recria intensiva
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