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Scot Consultoria

Preço de terras agrícolas mais que dobra em cinco anos


Terça-feira, 14 de janeiro de 2025 - 16h00

Foto: Globo Rural


Existe um conselho atribuído ao escritor americano Mark Twain sobre onde investir capital: “Compre terra, pois já não se fabrica mais”. A frase, embora humorística, tem um fundo de verdade. Propriedades rurais são um ativo finito, que não podem ser “criados”, e com a crescente demanda por alimentos e os avanços na produção agropecuária, tendem a se valorizar com a passagem do tempo.

Um estudo da Scot Consultoria , que analisa o mercado de terras nos 17 Estados mais relevantes na produção de grãos e gado de corte, mostra que, em cinco anos, os preços das áreas para agricultura no Brasil subiram 113%, com o valor médio do hectare passando de R$ 14.818,10, em julho de 2019, para R$ 31.609,87 no mesmo mês de 2024. No caso das terras destinadas a pastagens, a alta foi ainda maior, de 116% - passando de R$ 8.267,14 em 2019 para R$ 17.886,94.

Isso fez da compra de terras um dos investimentos mais rentáveis dos últimos cinco anos. Levantamento realizado pelo Valor Data mostra que, no mesmo período, o Ibovespa teve valorização de 25,89%. A poupança, nesses cinco anos, rendeu 28,66%; o dólar comercial, 47,27%; e o CDI, 48,79%. No período, o IPCA foi de 33,63%. Já a Nota do Tesouro Nacional Série B (NTN-B) com vencimento em 2029, rendeu 60,29% e bateu a valorização das terras agrícolas em dois Estados pesquisados: Santa Catarina (52,9%) e Pernambuco (54,8%).

“Terra só valoriza. Dificilmente tem um ano em que a terra não acompanha pelo menos a inflação”, afirma Felipe Fabbri, analista de mercado da Scot Consultoria. “Claro que muito vai depender do resultado, da produtividade da área, das cotações das commodities, mas dificilmente uma área rural não vai valorizar mais do que muitos títulos de renda fixa ligados à Selic ou o IPCA”, avalia.

“Não tem o que valorize mais do que terra ao longo do tempo”, reforça Daniel Meireles, diretor da Acres, braço do Grupo Safras & Cifras que trabalha com estruturação de negócios de ativos rurais. Segundo ele, as terras agrícolas no Brasil tiveram valorização de 15% a 20% ao ano entre 2017 e 2022.

“Esse movimento é natural, uma vez que a demanda por alimento é crescente, mas a terra é finita, o que faz com que uma propriedade rural seja uma reserva de valor e proteção contra a inflação. Os preços dificilmente caem. Quando ocorre algum problema, o que reduz é o tempo de transação, entre oferta e venda”, afirma.

Levantamento

Segundo o estudo da Scot, entre 2019 e 2024 os preços médios (em valores nominais) das propriedades voltadas para agricultura mais que dobraram em 11 deles. As maiores altas ocorrem em regiões de fronteira agrícola, onde ainda é possível encontrar terras mais baratas do que em Estados com uma produção mais consolidada.

A maior alta, por exemplo, ocorreu em Rondônia, onde a valorização das terras agrícolas no período foi de quase 300%, enquanto o preço das pastagens subiu 286%. Maranhão e Piauí, que ficam no Matopiba (confluência entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) também tiveram valorização acima de 200%. Mesmo no Paraná, onde são encontradas as áreas para agricultura mais caras do Brasil, a alta também foi expressiva no período, e alcançou 107%.

Na avaliação de Fabbri, outro fator que impulsionou a alta no período foi que, em meio ao ‘boom’ das commodities em 2022, a pandemia de Covid-19 e os estoques globais menores, o mercado ficou “firme, estimulando a procura por terras agrícolas e os seus preços - que, usualmente, estão indexados ao preço da commodity”.

“O produtor rural ganhou produtividade ao mesmo tempo em que tinha preços em um patamar muito mais alto”, observa José Eduardo Daronco, head de relações com investidores da Suno Asset. Ele acrescenta que o câmbio também contribuiu para a valorização das áreas. “Terra é um ativo dolarizado, que produz dólares. Soja, milho, café são cotados em dólares, o que ajuda a tornar esse investimento ainda mais atrativo”.

Matéria originalmente publicada em: Preço de terras agrícolas mais que dobra em cinco anos.

O Relatório de Terras da Scot Consultoria oferece análises detalhadas sobre o mercado de terras em diversos estados brasileiros, incluindo Bahia, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins. Este relatório é uma ferramenta valiosa para compreender as dinâmicas de preços e auxiliar na tomada de decisões relacionadas ao mercado de terras no Brasil.

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