Segundo dia do ECR Scot Consultoria inicia com análise de mercado

O zootecnista e coordenador da equipe de inteligência de mercado da Scot Consultoria, Felipe Fabbri, abriu o Encontro de Confinamento e Recria da Scot Consultoria na quarta-feira, 9 de abril, abordando um panorama do mercado de carne bovina.

Fabbri questionou se a importação de carne seria a solução para conter os preços, destacando que a maioria das pessoas presentes na sala estava correta ao discordar dessa ideia. Ele explicou que a importação de carne bovina representa apenas 0,9% do total disponível para o consumidor brasileiro, ou seja, menos de 1% da carne consumida no Brasil vem do mercado internacional.

Ele ressaltou que o Brasil é atualmente exportador e fornecedor de carne para o próprio mercado interno e que os principais fornecedores de carne bovina para o Brasil são Uruguai, Paraguai e Argentina, países do Mercosul com tarifas isentas para comercialização com o Brasil. Segundo Fabbri, a importação de carne bovina não resolverá o problema da inflação, sendo mais uma medida de caráter político para 2025 e 2026, ao invés de uma solução real.

Fabbri comentou sobre o desempenho das exportações brasileiras de carne bovina, destacando que em 2024 houve um aumento de 26% em comparação a 2023. Embora a participação do mercado chinês tenha diminuído um pouco, o país ainda permanece como o principal destino da carne brasileira em volume absoluto. “Temos outros mercados sendo trabalhados, como o Vietnã, que recentemente abriu seu mercado, e o México, que nos últimos três anos tem se destacado nas exportações de carne bovina”, explicou.

Ele também ressaltou a importância de entender o comportamento e as expectativas desses mercados para o Brasil. Fabbri destacou que em 2024, o China e os Estados Unidos são os dois principais compradores, com ambos aguardando importações recordes de carne bovina em 2025. Além disso, ele mencionou que está ocorrendo uma “guerra comercial” entre os dois países, o que pode impactar positivamente o mercado brasileiro, tanto em relação à demanda da China quanto dos Estados Unidos.

Na sequencia, a Analista de Mercado da Scot Consultoria, Juliana Pina, também explanou sobre a crescente das exportações de carne bovina, que atingiram recordes em 2024 e seguiram com volumes elevados no primeiro semestre de 2025. Disse que isso é reflexo de termos “um mercado internacional que vem bastante demandante para a carne brasileira” bem como por termos “diversificado bastante o nosso leque de compradores da carne brasileira”.  Ela ressaltou ainda que as exportações desempenham um papel crucial na sustentação dos preços no mercado interno, representando atualmente cerca de 35% da produção de carne do país.

O Analista de Mercado da Scot Consultoria, Pedro Gonçalves, frisou que, apesar do aumento das exportações de carne bovina, a produção nacional também tem evoluído de forma positiva. Ele abordou uma preocupação comum sobre o impacto da exportação na disponibilidade interna e no consumo local, afirmando que “não teve tanto impacto”. Segundo ele, mesmo com a recorde participação das exportações na produção de carne, “a gente teve um aumento na disponibilidade interna”, o que comprova que a exportação não tem sido um empecilho para a oferta de carne no mercado interno.

Pedro analisou ainda a relação entre os preços médios da carne bovina e a demanda. Conforme observou, apesar da alta nos preços, o consumo de carne bovina pelos brasileiros segue firme. “Se o varejo não está tendo queda nos preços, isso é um indicativo de que o consumo está acontecendo”, afirmou, ressaltando que consumidores fiéis à carne bovina, mesmo diante de preços mais altos, acabam trocando de corte ao invés de deixar de consumir. Ele mencionou que as populações mais pobres podem reduzir o consumo de carne em favor de outras proteínas, mas aqueles que consomem carne bovina regularmente não abandonam totalmente o produto.

Matéria originalmente publicada em: Segundo dia do ECR Scot Consultoria inicia com análise de mercado