Embora os preços do boi gordo e do boi magro apresentem alta no mercado, a tão esperada virada do ciclo pecuário ainda não se concretizou e só deve ocorrer a partir de 2026. A avaliação foi feita pelos analistas da Scot Consultoria, Juliana Pila e Pedro Gonçalves, durante palestra no Encontro de Confinamento e Recriadores da companhia, edição 2025.
Segundo os especialistas, dois dos três principais pilares que compõem o ciclo pecuário já demonstram sinais de mudança: os preços do boi gordo e da reposição vêm subindo desde o segundo semestre de 2024. No entanto, o terceiro elemento — o volume de abates — ainda permanece em níveis elevados, com destaque para a significativa participação de fêmeas enviadas ao gancho.
De acordo com Gonçalves, esse elevado número de fêmeas abatidas é um indicativo de que o ciclo de baixa ainda não foi encerrado. A expectativa é de que essa participação comece a cair no segundo semestre de 2025, mas sem atingir os menores patamares já registrados.
A demanda, tanto interna quanto externa, tem sido um fator de sustentação para a produção de carne bovina no país. No mercado interno, o consumo mostrou sinais de recuperação no segundo semestre de 2024, contrastando com o início de 2025, período tradicionalmente marcado por menor poder de compra da população.
No cenário internacional, as exportações brasileiras de carne bovina bateram recorde em 2024 e continuam em ritmo acelerado neste primeiro trimestre de 2025. “A demanda externa segue crescente. Tivemos um recorde no ano passado e volumes expressivos também neste início de ano. O mercado doméstico, assim como os preços da carne no atacado e no varejo, também contribuem para as valorizações da arroba”, explicou Gonçalves. Ele acrescenta que o atacado tem evitado repassar imediatamente os aumentos ao varejo, com o objetivo de minimizar impactos ao consumidor final.
Para os analistas, a confirmação da virada de ciclo depende do comportamento conjunto desses três fatores — preços do boi gordo, reposição e volume de abates. A expectativa é que a fase de alta se consolide a partir de 2026, com possível início de um novo movimento de baixa entre 2028 e 2029.
“O ciclo pecuário não é permanente. Apesar das cotações em alta neste momento, é preciso lembrar que, na fase de valorização, a arroba vira dinheiro. Já na fase de baixa, é o dinheiro que vira arroba”, concluiu Juliana Pila.
Matéria originalmente publicada em: Apesar da alta nos preços do boi, virada do ciclo pecuário é esperada apenas para 2026
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