Foto: Bela Magrela
A quinta-feira no Encontro de Confinamento e Recriadores, promovido pela Scot Consultoria, foi marcada por discussões técnicas que reforçaram a importância de práticas nutricionais mais responsáveis e o uso de tecnologia como aliada no manejo de qualidade. Entre os destaques do dia estiveram as palestras do professor e pesquisador Luiz Gustavo Nussio e do especialista em nutrição animal Danilo Millen.
Para Nussio, a integração de tecnologias digitais e inteligência artificial pode revolucionar a produção de silagem no Brasil, aumentando a qualidade do alimento e a eficiência do sistema. “Utilizaria a integração de tecnologias digitais e o monitoramento em tempo real para auxiliar a gestão do manejo no processo de confecção de silagens de qualidade”, afirmou o especialista.
Ele chamou atenção para a falta de estrutura e conscientização nas fazendas brasileiras, destacando que “silo deve ser um lugar, em geral, limpo, organizado, de onde você possa obter produtos melhor qualificados e onde você possa inserir interferência artificial e qualquer que seja o tipo de ferramenta que seja facilitadora dessa maneira”.
Nussio também explicou que, no futuro, ferramentas baseadas em sensores e imagens devem substituir avaliações feitas a olho nu. “Onde eu hoje utilizo percepção ocular, padrões de coloração, padrões de odor, padrões analíticos da própria amostra, no futuro nós vamos ter a inteligência trabalhando para fazer isso”, previu.
Além disso, propôs uma mudança de mentalidade ao dizer que o que nos falta é entender que “o silo é um ente a ser tratado com identidade, até uma certa personalidade que está desvinculada do animal”.
Já Danilo Millen levou ao palco uma provocação direta ao setor sobre um tema ainda pouco discutido: o bem-estar nutricional dos animais confinados. “O conceito de bem-estar já tá batido. Mas tem um conceito que pouca gente fala, que é o tal do bem-estar nutricional”, afirmou.
Segundo Millen, práticas alimentares com dietas altamente energéticas e pobres em fibra podem causar sérias lesões no rúmen, o que compromete o desempenho dos bovinos. “Se você lesionar o rúmen do animal em até 25%, o desempenho não cai. Ou seja, sabe o quê? O bicho aguenta o desaforo”, disse, em tom crítico.
Millen alertou ainda que o setor deve se preparar para uma cobrança crescente de boas práticas e reforçou que desempenho e saúde podem caminhar juntos: “Pega um nutricionista habilidoso, tenho certeza que a gente dá conta de fazer dieta que mantém desempenho e até aumenta sem lesionar o rúmen”.
As palestras técnicas do ECR se encerram nesta quinta-feira, mas a cobertura ainda não acabou: você poderá acompanhar outras informações do evento aqui no portal e também pelas nossas redes sociais. E nesta sexta-feira (11), nossa equipe estará no Dia de Campo no Confinamento Monte Alegre, trazendo em breve mais informações, bastidores e aprendizados direto da prática.
Matéria originalmente publicada em: Silagem e nutrição ganham espaço nas discussões da ECR Scot Consultoria
Receba nossos relatórios diários e gratuitos