O governo estuda intervir no mercado de leite. "Estamos analisando qual seria o melhor momento para fazer isso", disse o ministro da Agricultura, Luís Carlos Guedes, em Florianópolis.
Na cadeia produtiva do leite, de um lado estão os produtores que defendem um novo instrumento de comercialização e reclamam do preço baixo do leite. De outro, algumas indústrias, que não querem a interferência do governo.
Conforme o coordenador-geral do Departamento de Comercialização e Abastecimento Agrícola e Pecuário, Antonio Salomão, em 2005, com a queda brusca dos preços do leite entre setembro e outubro, essa possibilidade chegou a ser cogitada. Mas o mercado se equilibrou.
Neste ano, há expectativa de que nova queda venha a acontecer, por isso o governo colocou o assunto em estudo. Salomão explicou que governo analisa uma garantia de preço ao produtor semelhante à que existe para a soja e milho, no qual o governo paga um prêmio para sustentar o mercado.
A atuação do governo é polêmica até dentro do Ministério. "Como o setor está muito dividido, está mais difícil de o governo avaliar onde seria melhor atuar para que toda a cadeia fosse favorecida", diz Salomão.
Para os técnicos do governo, ainda não está claro se este é o momento de entrar no mercado do leite, pois há dúvida se preço pode reagir e se haverá mesmo excesso de produção, pois a geada na região Sul poderá afetar a oferta do produto.
Para Rodrigo Alvim, presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite, esse tipo de instrumento de comercialização já deveria ter sido aplicado porque em breve virá a safra e se o preço cair mais, não irá se recuperar. Ele está pessimista para os próximos meses. Segundo Alvim, na entressafra - de abril até agora - os preços já caíram 17% em relação a 2005, de R$ 0,59 para R$ 0,49. "O mercado está parado. Existe uma parte das indústrias que é contra esse instrumento porque não olha a cadeia do leite como cadeia".
Fonte:
Valor Online. Agronegócios. 25 de agosto de 2006.
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