A Nestlé SA formalizou a compra da divisão de nutrição do laboratório farmacêutico suíço Novartis AG, por US$2,5 bilhões. Com a transação, a companhia se tornará a segunda maior fabricante mundial de suplementos nutricionais para hospitais.
A divisão tem vendas anuais de US$950 milhões e produz refeições reforçadas com proteína ou com um nível calórico mais elevado para pacientes em recuperação, disse ontem em comunicado a Nestlé, sediada em Vevey, na Suíça, a maior fabricante mundial de alimentos.
A compra elevará em cerca de 20% as vendas de alimentos nutricionais mais caros fabricados pela Nestlé. A empresa já alienou mais de US$1 bilhão em divisões que processam café e cacau e fabricam ingredientes para alimentos.
Daniel Vasella, principal executivo da Novartis, decidiu vender a unidade para se concentrar em medicamentos e vacinas.
A Novartis declarou que os lucros com a venda serão usados para fortalecer sua posição financeira, bem como fornecer flexibilidade estratégica adicional. A venda não inclui a divisão de comidas para bebê Gerber.
“A Nestlé está penetrando mais em um grande mercado, que é altamente lucrativo e tem um enorme potencial de crescimento”, disse Holger Geissler, administrador de fundos da DWS em Frankfurt, que auxilia na administração de aproximadamente 1,5 bilhão de euros em ativos (US$2 bilhões), incluindo ações da Novartis. “O negócio faz todo o sentido para ambas as empresas”, acrescentou.
As vendas de alimentos de alto valor nutricional têm crescido cerca de 8% ao ano, comparativamente à expansão de 1% a 2% do setor de alimentos em geral, segundo a Kepler Equities.
“A operação também fortalece a posição financeira e provê flexibilidade estratégica”, afirmou Daniel Vasella.
A Nestlé investiu aproximadamente US$1,3 bilhão este ano nas marcas de alimentos saudáveis Uncle Tobys e Jenny Craig.
A divisão da Novartis fabrica as bebidas Boost, criadas para fornecer proteínas, sais minerais e vitaminas a pessoas em recuperação de doenças que vão da anorexia ao câncer e para ajudar na digestão. A unidade também produz a bebida energética Nutrament e os produtos da marca Optifast, que ajudam em dietas para a perda de peso. A unidade tem 2 mil funcionários e opera em 40 países em todo o mundo.
As ações da Nestlé haviam subido 5,75 francos suíços, ou 1,3%, para 435,5 francos suíços, em Zurique. Os papéis da Novartis subiram 40 centavos, ou 0,6%, para 70,35 francos suíços.
“Nós vemos dois negócios muito complementares que acreditamos que, colocados juntos, vão gerar rápido crescimento”, afirmou o chefe de relações com investidores da Nestlé, Roddy Child-Villiers.
O grupo alimentício destaca o forte crescimento e a rentabilidade do segmento da saúde nutricional, na qual a multinacional suíça já tinha uma forte presença, especialmente na distribuição atacadista, enquanto a Novartis estava mais especializada na área do varejo.
Quando tiverem integrado as atividades, a Nestlé afirma que sua carteira de produtos cobrirá todos os casos de doenças que requerem alimentação específica.
“Este é um mercado em expansão”, disse Thomas Bischof da LGT Capital Management em Liechtenstein, que administra cerca de US$23 bilhões em ativos, incluindo as ações da Novartis e da Nestlé. “Faz muito sentido que a Nestlé expanda suas atividades nesse setor. Por outro lado, a Novartis negociou um preço bastante atrativo”, acrescentou.
A aquisição pode ainda fazer com que a Nestlé obtenha vantagens por meio do envelhecimento da população. Até 2050, o número de pessoas com mais de 60 anos no mundo todo deverá chegar a 21%, segundo pesquisa da United Nations.
Em 2000, esse índice estava em torno dos 10%. Se a taxa realmente foi alcançada, será a primeira vez que o número de pessoas com mais de 60 anos irá superar o número de pessoas com menos de 15 anos.
Segundo Thomas Russo, que administra US$300 milhões em ações da Nestlé na Gardner, Russo & Gardner, a companhia de alimentos terá de construir uma imagem mais ligada ao setor de saúde e nutrição para a marca Gerber. “Se eles conseguirem tomar as decisões corretas no momento exato, acredito que conseguirão refletir o preço da transação nos resultados da empresas e terão as marcas adquiridas mais fortalecidas no mercado”.
Fonte:
Bloomberg/DCI
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