A queda de quase 50% no número de queimadas registradas na Amazônia Legal no ano de 2006, em relação ao ano anterior, pode ter outra razão além da eficiência de programas governamentais: uma tendência de que ocorram mudanças no clima da região. Mas, para se ter certeza, é necessário monitorar o comportamento regional e as relações entre diferentes variáveis. Esse é um trabalho que o pesquisador Williams Ferreira, da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG), começou no início de 2007, avaliando a importância da variação sazonal do clima na dinâmica espacial e temporal das queimadas e dos desmatamentos em 2006 na região e comparando a evolução do número de queimadas nos dois últimos anos.
O pesquisador trabalhou com dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e do Sipam (Sistema de Proteção da Amazônia). De acordo com o resultado, foram identificados no ano passado 118.965 focos de queimadas em todo o país. Desses, 85.219 ocorreram na Amazônia Legal, que envolve os sete estados do Norte brasileiro (Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins), o Mato Grosso e o Oeste do Maranhão. Apesar do alto índice em relação ao restante do Brasil, o número de queimadas na região foi 47,2% menor quando se comparam os anos de 2006 e de 2005. As queimadas registradas no ano passado voltaram a atingir números próximos aos de 1999.
Segundo Williams, a abordagem feita na Embrapa Milho e Sorgo levou em consideração as relações das queimadas e dos desmatamentos com o clima da Amazônia Legal. As previsões feitas para 2006 relativas ao número de queimadas não se concretizaram, em grande parte, por causa da atuação de sistemas de grande escala e de variações no clima. “A umidade transportada pelos ventos alíseos, a ação de sistemas frontais provenientes de outras regiões e alterações na circulação geral da atmosfera influenciadas pelo aquecimento no Oceano Atlântico Norte agiram diretamente no clima da região amazônica e indiretamente na ocorrência das queimadas e dos desmatamentos”, explica.
ESTATÍSTICAS
De acordo com os dados analisados pelo pesquisador, o Pará foi o estado onde mais aconteceram queimadas no ano passado. Já em 2005, o campeão foi Mato Grosso. Houve uma troca nas duas primeiras posições entre os dois estados de um ano para outro. Em todos os nove estados que compõem a Amazônia Legal, houve redução na quantidade de queimadas quando se comparam os dois anos, o que ajuda a explicar a queda de quase 50% no total de queimadas na região.
Entre os municípios, o que mais aumentou o número de queimadas no ano passado foi Breu Branco, no Pará, com 187 focos de incêndio a mais no ano passado do que em 2005. Na cidade de Placas, no mesmo estado e segunda colocada, aconteceram 112 queimadas a mais quando se compara os dois anos. Já o desmatamento foi maior em São Félix do Xingu, novamente no Pará, com 969,1 km2, e em Marcelândia, no Mato Grosso, que registrou 787,8 km2 de desmatamento no ano passado. Ao mesmo tempo, São Félix do Xingu mostrou a maior redução (3.098) no número de queimadas em 2006 comparando-se ao ano anterior, seguido por Santana do Araguaia, também no Pará, que teve 1.931 focos a menos de queimadas em 2006 em relação a 2005.
Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)
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