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Scot Consultoria

Leite mira na exportação e no consumo interno


Segunda-feira, 11 de junho de 2007 - 09h26

As empresas produtoras de leite no Brasil têm hoje duas vertentes para expansão de negócios: a exportação de leite em pó e o investimento interno no longa vida. Fatores climáticos provocaram perda de produção nos principais mercados mundiais - Austrália, Argentina e Nova Zelândia -, elevando a exportação do leite em pó brasileiro. Ao mesmo tempo, sobra espaço no mercado interno para as empresas de longa vida. Essa demanda pelo leite brasileiro e o período de entressafra, faz com que os preços fiquem elevados e cheguem ao varejo por mais de R$2 o litro. Uma das empresas que prevê investimentos para dobrar sua produção é a Líder Alimentos. A companhia com sede no Estado do Paraná investirá R$100 milhões até 2010 para a construção de três novas plantas para a produção do leite. "Hoje, contamos com cinco fábricas e há previsão de mais três dentro do nosso planejamento estratégico, que projeta também dobrar nossa produção", diz Fortunato Bergamo, presidente do grupo. A produção da empresa neste ano será de 252 milhões de litros, pouco menos de 5% em comparação com o ano passado. "Estamos em um período de entressafra e nosso estoque, como no mercado, é de 40 dias. A previsão, com o aumento da demanda interna, é de aumentar a produção já em setembro próximo", afirma. Outra empresa que está de olho no potencial do consumo interno é a Indústria de Alimentos Nilza, que tem a meta de chegar este ano com produção diária de 730 mil litros. A companhia está comercializando também alimentos, como barras de cereais, que serão importadas inicialmente do Mercosul e depois, podendo ser produzidas no País. O Grupo Avipal apresentou o balanço do primeiro trimestre do ano. De acordo com a empresa, as exportações do grupo registraram crescimento de 37,3% em dólares neste período. O resultado confirma a expectativa da companhia de voltar aos patamares históricos após a queda na demanda em razão dos focos de gripe aviária ocorridas na Ásia e Europa no inicio de 2006. Para suprir as necessidades de venda e produção de lácteos, a captação de leite foi de 241,7 milhões de litros no primeiro trimestre de 2007, crescimento de 8,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. A companhia detém a maior bacia leiteira em número de produtores e a terceira maior em volume de leite do País. Segundo Laércio Barbosa, vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Leite Longa Vida (ABLV), o mercado interno de leite deverá crescer este ano 8%, sobre os 5,5 bilhões de litros do ano passado. "Para suprir o mercado, as empresas do setor estão fazendo joint ventures com outros grupos e ampliando suas atuações dentro do País", diz. Exportação Para Rodrigo Alvim, presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), este é o momento ideal para o País ampliar as exportações porque a produção nacional está competitiva com grandes mercados e a recuperação da demanda interna está crescendo. "A previsão para este ano é que o Brasil eleve em mais de 2% a pauta de exportações de leite em pó, de um total previsto para este ano de 26 bilhões de litros, número 5% maior que o a produção do ano passado", diz. A perspectiva é que as vendas externas alcancem US$200 milhões, um valor, de acordo com Alvim, recorde este ano. "A Austrália, que registrou quase 10 anos de períodos de seca, deve ter uma queda de 4% na produção enquanto a Nova Zelândia, outro importante produtor, tem restrições para ampliar a oferta devido à sua pequena área", ressalta. Em maio, a receita brasileira com a exportação de lácteos cresceu 38,4%, para US$19,4 milhões. Minas Gerais O estado conta hoje com a maior bacia leiteira do País, atingindo a produção anual da ordem de 7 bilhões de litros. A ampliação da produção ainda é vista com cautela já que o mercado apresenta uma certa "nebulosidade" para previsões a longo prazo. Porém, como o preço médio do litro está estável há quase um ano - cerca de R$0,50, com leves oscilações para baixo no período e diante do aumento da demanda de lácteos pelo mercado externo, os produtores esperam voltar, ainda neste ano, aos patamares praticados entre 2004 e 2005, quando os pecuaristas recebiam até R$0,70 pelo litro de leite. Segundo o presidente da Comissão Técnica de Leite da Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg), Eduardo Dessimoni, independentemente do baixo consumo interno, os preços devem se manter em alta, já que o mercado está globalizado. "Hoje o preço pago ao produtor está bastante firme. Temos mercado interno comprador e a cotação internacional saiu de US$1,7 mil a tonelada para US$4,4 mil a tonelada. E os países da Europa e Oceania, enfrentam condições climáticas desfavoráveis como frio e seca", explica Dessimoni. Para o presidente, por outro lado, o setor poderá ter problemas de rentabilidade com o possível aumento no preço da ração concentrada. "As cooperativas e indústrias têm enxergado a situação e essa tendência deve ocorrer com mais intensidade no final de 2007. Este problema vai afetar todo o País", ressalta. "Não há como substituir os gastos com a produção do leite. Mesmo com os preços bons lá fora, é preciso saber até que ponto o produtor lucra. Com o dólar muito baixo, o retorno financeiro acaba sendo somente o suficiente para cobrir despesas", completa. Fonte: Jornal DCI. 11 de junho de 2007.
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