Inversão do comportamento típico da margem do frigorífico

O boi casado de animais castrados está cotado, em média, em R$8,05/kg no mercado atacadista, o que significa uma alta de 8,5% em trinta dias. É a maior cotação já registrada neste mercado e, considerando a inflação, é o maior preço desde novembro de 2010.

O momento é de oferta limitada de animais. Boa parte dos frigoríficos vem abatendo menos, o que limitou a disponibilidade de carne e, com a demanda não tão aquecida, mas regular, os preços tiveram impulso.

Por outro lado, a carne sem osso não está no mesmo embalo, especialmente no varejo, que é mais dependente do comportamento do consumidor final.

Assim, os reajustes de preços têm sido mais moderados e este cenário acabou mexendo com a margem do frigorífico.

Margem da indústria: desempenho histórico e atual

Se levarmos em consideração o comportamento histórico, a margem da indústria que vende carne sem osso é maior do que a que comercializa a carcaça.

No entanto, este cenário se inverteu.

Analisando a figura 1, vemos a evolução da margem do equivalente Scot Carcaça, que considera o ganho da indústria com a venda de carne com osso e demais subprodutos bovinos, e do Equivalente Scot Desossa, que mede o faturamento com a carne desossada mais subprodutos, levando em consideração, em ambos os casos, o preço despendido com a arroba do boi gordo. 

Com as sucessivas altas na arroba do boi gordo e o menor reajuste nos preços da carne desossada, a margem do Equivalente Scot Carcaça inverteu seu comportamento típico e superou a margem da venda de carne sem osso.

Atualmente, está mais vantajosa a comercialização da carne nestas condições.

Com a alta expressiva do boi casado, é possível que o consumo, mais ao final do mês, não tenha força para sustentar os patamares de preços, tornando admissível que, em curto prazo, as margens voltem a se inverter.