Na última semana o Brasil passou de “mocinho”, pela sua política ambiental de uso de biocombustíveis, a vilão, como um dos culpados pela falta de alimentos no mundo. Os programas brasileiros foram criticados pela ONU (Organização das Nações Unidas) e outras entidades em países europeus e pelo Banco Mundial.
O Presidente do Brasil declara que a “culpa” é o fato de que “pobres do mundo inteiro estão comendo mais”. Correto, mas não é a única razão para tanta alta nos preços de alimentos.
Sob uma perspectiva histórica, produtores rurais eram obrigados a, ano a ano, aumentar sua produtividade e investimentos para compensar as desvalorizações que seus produtos (
commodities agrícolas) sofriam, tudo isso sem contar com nenhuma política de incentivo, nenhuma infra-estrutura razoável, e pagando uma das maiores taxas de impostos do mundo.
Somam-se esses fatores aos seguintes itens: 1) Desvalorização mundial do dólar – que baixou o valor local pago pelos produtos agrícolas em todos os países, além de estimular fundos a investir nas
commodities em geral, 2) Demanda aquecida – economias emergentes, entre elas o BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) melhoraram sua renda, consumindo mais alimentos, 3) Mudanças climáticas – principalmente causadas pelas nações mais desenvolvidas (maiores críticas do etanol brasileiro), resultaram em sucessivas frustrações de safras, diminuindo os estoques.
Depois de tudo isso, a culpa cai sobre o produtor. Quem sabe agora, depois que conflitos civis começam a surgir em diferentes países pela falta de alimento e a inflação começa a ser uma constante nos países sem o histórico dessa ocorrência, Governos no mundo inteiro não vejam com outros olhos o setor? (JA)
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