Em um ano, de setembro de 2007 a agosto de 2008, a inflação ao consumidor medida pela FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) foi de 6,11%. No campo, segundo a Scot Consultoria, a inflação registrada aos produtores foi 3,6 a 7,5 vezes mais alta para a pecuária de leite e de corte, respectivamente.
Ao consumidor, o que mais pesou no bolso foi o item alimentação. Segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-econômicos), o valor da cesta básica em São Paulo aumentou 24,09%, enquanto a média ponderada das contas pagas pelos consumidores atingiu os 6,11%, calculado pela FIPE.
Em termos inflacionários, o que vale é a média ponderada dos gastos, ou seja, a inflação identificada pela FIPE ou outros órgãos de pesquisas econômicas que divulgam indicadores semelhantes.
No entanto, por diversas razões, os aumentos de preço parecem que sempre geram mais desconforto aos consumidores do que aos produtores, o que é evidenciado pela cobertura da mídia.
Uma das principais razões – e a mais evidente – relaciona-se ao apelo do preço da alimentação. Notícias de aumento no custo da alimentação acabam sendo associadas à fome.
Outro fator refere-se aos hábitos de consumo recém-adquiridos pela população brasileira, umas das grandes mudanças ao longo do plano Real.
Explica-se! Mesmo que a inflação não suba tanto, quando o principal causador é o aumento no custo dos alimentos, aumenta também a parcela do orçamento familiar que é destinado a atender a demandas básicas, ou seja, a alimentação.
Com isso, os recursos financeiros escasseiam-se, reduzindo a capacidade de compra de outros itens, como vestuários, diversão, contas de celulares, energia elétrica, etc. Na grande prática, o que ocorre é o endividamento dos assalariados.
Os lojistas ofertam o máximo possível em condições de pagamento, objetivando manter suas vendas. E o consumidor, sem nenhuma instrução orçamentária, perde o controle dos gastos. O resultado é o pagamento de juros, aumento da dívida e, por fim, a inadimplência.
E a culpa de tudo acaba recaindo sobre os alimentos.
Fosse a mesma inflação de 6,1% causada pelo aumento dos preços de outros itens, provavelmente a reação da população, a “chiadeira”, seria bem menor.
Gastar mais com alimentos não está nos planos de um consumidor cada vez mais consumista. Por isso as reclamações.
Mas mesmo com os aumentos de preço dos alimentos em 2008, a situação não é tão drástica conforme tem sido polemizado.
Comparando salário mínimo com cesta básica, em São Paulo, o atual poder de compra do assalariado está cerca de 5% mais alto em relação a 2005. E está exatamente nos mesmos patamares do primeiro semestre de 2006.
Entre o segundo semestre de 2006 e o primeiro semestre de 2007, o poder de compra do consumidor aumentou consideravelmente, tendo em vista à crise de preços pela qual passava a agricultura e a pecuária.
A comparação entre o poder de compra atual do consumidor com o daquele período é, no mínimo, infeliz. Compara uma situação de mercado em que os empresários rurais mal tinham condições de pagar suas contas.
Na prática, excluindo o período da crise agrícola, o poder de compra do consumidor estaria evoluindo dentro da normalidade dos últimos anos.
Ontem, em notícia veiculada pela Scot Consultoria, uma figura ilustrava a evolução do pode de compra do consumidor no período de janeiro de 1997 a agosto de 2008.
Clique aqui para ver a notícia e a figura.
Na média do período, com o valor de um salário mínimo, o consumidor podia adquirir 1,47 cesta básica. Atualmente o salário mínimo compra 1,72 cesta básica. (MPN)
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