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Desvalorização do real favorece a competitividade da carne brasileira


Terça-feira, 7 de outubro de 2008 - 09h18

No Brasil, mediante recuperação dos preços (virada de ciclo pecuário) e frouxidão cambial, a arroba do boi gordo alcançou, em dólares, patamares recordes. A média histórica de US$22,00 a US$25,00 ficou bem para trás. Na verdade, este ano, o boi do Brasil (tomando São Paulo como referência) chegou a registrar picos ao redor de US$60,00/@. Dessa forma, se tornou um dos mais “caros” do planeta, bem acima dos vizinhos de América do Sul e bastante próximo das cotações de EUA e Europa. Nos últimos meses, porém, em função de fatores que a mídia tem noticiado dia e noite, o real entrou em rota de desvalorização. A alta do dólar foi de 22% em 30 dias. Dessa forma, o boi do Brasil já retornou aos mesmos patamares de vizinhos como Uruguai e Paraguai, concorrentes diretos em vários mercados. Veja a figura 1. É fato que a cotação argentina segue bastante competitiva. Mas justamente porque o governo local tem segurado as exportações. Portanto, se o país não está exportando, deixa de ser concorrente. Pode ter o preço que quiser. É verdade também que a crise financeira iniciada nos EUA, e que agora já acomete a economia “real” em nível global, deve afetar negativamente o crescimento do consumo e, conseqüentemente, os preços da carne bovina no mercado internacional. No entanto, é preciso considerar, primeiro, que guinada do câmbio, ao menos por enquanto, compensa esse movimento. Além de melhorar a margem do exportador, aumenta a atratividade da carne nacional frente aos concorrentes, o que pode favorecer a procura mesmo em períodos de consumo menos aquecido. Segundo, ainda que de forma mais comedida (principalmente nesses próximos 2 anos), o consumo mundial de carne bovina deve se manter em crescimento. E o destaque são os emergentes, grupo do qual o Brasil faz parte (e o mercado interno ainda é o nosso maior mercado) e do qual pertencem os principais importadores da carne brasileira (destaque para a Rússia e países do Oriente Médio). Por fim, do lado da oferta, a Austrália acredita em retração da produção em 2009, o Uruguai está com dificuldades de expansão, a Europa está em recessão, os norte-americanos estão descartando vacas e reduzindo o volume de cabeças confinadas e, mesmo aqui no Brasil, a retomada dos investimentos ainda não foi suficiente para compensar mais de três anos de abate de matrizes. Portanto, mesmo com crise, o cenário ainda é favorável (ou menos desfavorável) à carne bovina brasileira. (FTR)
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