Unidade da produtora mineira de laticínios Itambé em Uberlandia Foto: Gilson de Souza/Divulgação
A Vigor – negócio da JBS vendido para a mexicana Lala em outubro – conseguiu suspender, por meio de uma liminar concedida pela Justiça, a venda da Itambé para a francesa Lactalis, em operação fechada no início deste mês.
Trata-se de mais um capítulo na “saga” que envolve a Vigor e Itambé. O primeiro episódio foi o anúncio, no início de agosto, de um acordo entre a JBS e a Lala para a venda da Vigor – entre os ativos incluídos nessa negociação estavam 50% da Itambé. Na época, a Lala estava disposta a ficar não só com a fatia da Vigor na marca mineira, mas também a comprar a parte da Cooperativa Central dos Produtores Rurais (CCPR).
No entanto, a cooperativa logo anunciou que preferia exercer seu direito de compra dos 50% da Vigor. Após meses de especulações, acabou se desfazendo do negócio todo. Em vez de fechar acordo com a Lala, a CCPR decidiu vender o ativo para a Lactalis. A francesa, que já era dona da Batavo e da Parmalat no País, pode se tornar a líder no setor de leite caso consiga completar a aquisição.
O acordo entre a CCPR e a Lactalis parecia ser o fim da história. Sem a Itambé, o negócio da compra da Vigor caiu para R$ 4,3 bilhões, contra R$ 5,7 bilhões da avaliação que incluía 100% da marca mineira. Agora, Vigor e Itambé voltarão a discutir o assunto na Justiça.
Disputa judicial. Na última sexta-feira, 15, decisão da 1.ª Vara Empresarial e de Conflitos Relacionados à Arbitragem suspendeu a negociação entre a empresa mineira e a indústria francesa, ao acatar um pedido de liminar e cancelar a venda das ações da Vigor na Itambé para a CCPR.
O processo corre em segredo de Justiça e nenhuma das empresas envolvidas comenta. No entanto, segundo fonte a par do assunto, a Vigor alega que a CCPR descumpriu o acordo de acionistas ao fechar rapidamente um contrato com a multinacional francesa. Isso porque começou as negociações com a Lactalis enquanto ainda era sócia da Vigor.
Disputa. Após a JBS anunciar, em agosto, o entendimento para a venda da Vigor para a Lala, a CCPR disse, em 20 de setembro, que exerceria o direito de preferência para passar a deter 100% da Itambé.
No entanto, a cooperativa só conseguiu efetivar a compra da fatia da Vigor em 4 de dezembro – antes disso, fontes especulavam sobre sua capacidade financeira para realizar a operação.
No dia 5, cerca de 24 horas após efetivar a recompra da Itambé, a CCPR anunciou a venda da marca ao grupo francês. O contrato também incluiu um acordo de longo prazo de fornecimento de leite.
Segundo apurou o Estadão/Broadcast, a Vigor alega que a CCPR descumpriu o acordo de acionistas, já que em pouco tempo anunciou entendimento com a empresa francesa, evidenciando que as duas operações correram paralelamente.
Como a cooperativa era sócia da Vigor durante a negociação com a Lactalis, a companhia deveria, segundo a argumentação, ter sido oficialmente informada sobre o interesse da francesa, para que a própria Vigor pudesse exercer o direito de preferência na compra das ações.
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