As exportações brasileiras de carne bovina
in natura recuaram em julho (veja mais em
“Queda das exportações de carne bovina in natura em julho”), mas os preços se mantiveram em alta. A má notícia é que a valorização da moeda nacional tem anulado os ganhos obtidos no mercado internacional. Veja a figura 1.

O mercado estava firme até outubro de 2008, embalado pela expansão da economia mundial. Com o estouro da crise econômica, as cotações começaram a ceder. Entre outubro de 2008 e julho de 2009 o preço médio da carne
in natura, exportada pelo Brasil recuou 23% em dólares e 33% em reais.
Na verdade, a fase de baixa do mercado externo se estendeu de outubro/08 a fevereiro/09. De fevereiro para março, após o enxugamento dos estoques mundiais e a retomada das compras, iniciou-se um processo de recuperação.
Entre fevereiro e julho de 2009, em dólares, o preço médio da carne
in natura brasileira reagiu 20%. O problema é que, em reais, a variação foi de míseros 0,1%, ou seja, o preço praticamente não saiu do lugar.
Vamos incluir o atacado e o boi na análise.

Na figura 2 transformamos tudo para R$/kg. Veja que, entre outubro de 2008 e julho de 2009, a carne no atacado recuou 14%. A carne exportada, como já mostramos, caiu 33%. E o boi recuou 11%. A margem da indústria, sobretudo a exportadora, encolheu.
Porém, entre fevereiro e julho de 2009, período de recuperação dos preços internacionais, registramos um recuo de 0,7% para o boi. No atacado, a carne subiu 0,4%. Lá fora ela reagiu 0,1%. A situação estava se equilibrando para a indústria frigorífica.
No início de agosto o couro e o sebo voltaram a trabalhar em ambiente firme. Ótima notícia, uma vez que, ao menos quando analisamos o mercado doméstico, estes eram os grandes responsáveis pela quebra dos resultados da indústria (veja mais em
“O problema da margem da indústria frigorífica não está na carne”).
Só que agora é a carne que resolveu não colaborar. O atacado está trabalhando em baixa, num período em que, normalmente, deveria trabalhar em alta. A volta às aulas sempre dá uma força para as vendas de carne. Será que a gripe A, que prolongou as férias escolares em São Paulo, atrapalhou tudo? Ou o problema está mesmo na renda? Vamos saber a partir da semana que vem.
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