Pesquisa da AC Nielsen, divulgada ontem (22 de novembro de 2005) pelo jornal Valor Econômico, relaciona a infidelidade do consumidor com a queda nos preços dos produtos industriais.
O consumidor, que não se preocupa com marcas no Brasil, tem conseguido reduzir os preços pela simples troca de produtos. É o hábito de cotar produtos mais baratos para reduzir o orçamento familiar. Com isso, acabam reduzindo também os preços médios dos produtos que chegam às vendas.
As marcas mais baratas, nos mercados de alimentos, bebidas, higiene e limpeza, conquistaram cerca de 50% dos consumidores, num primeiro momento. Agora, a AC Nielsen já aponta para o crescimento das marcas intermediárias, que já respondem por 31% da preferência dos consumidores nas gôndolas. As marcas premium, de preços mais altos, somam 19% das vendas.
Sendo assim, apesar do aumento no volume de vendas, em torno de 5,8% em 2005, quando comparados ao mesmo período de 2004, os preços não corrigiram a inflação. Em média, os valores de mercado são 3,2% inferiores aos de 2004.
No caso da mercearia salgada, segundo classificação adotada pela Nielsen, que engloba arroz, óleo, pão industrializado, massas, molho de tomate, etc., houve um aumento de 7% nos volumes de venda, porém uma redução de 13,8% nos preços, o que mostra que a indústria de alimentos teve suas margens significativamente reduzidas em 2005.
No setor de mercearia salgada, as marcas de baixo preço representam 63% das vendas e as intermediárias representam 21%. Apenas 16% são de valores mais altos, as chamadas premium.
No caso do setor de limpeza, multinacionais como a Unilever e P&G, que produzem as marcas Omo e Ariel, respectivamente, passaram a investir em embalagens mais baratas, visando reduzir até 10% dos custos de seus produtos. Assim, chegam a preços mais competitivos. Neste setor, além das marcas baratas, as multinacionais enfrentam empresas brasileiras que estão crescendo de maneira bem profissional, com pesados investimentos em marketing.
É a competitividade refletindo nos preços.
A pesquisa também aponta para uma constatação estatística de que as indústrias de bens não duráveis enxergam o mercado de celulares, TV a cabo, internet e outros como concorrentes. Como o bolso do consumidor é apenas um, a disputa de mercado acaba, conseqüentemente, influenciando nos preços de outros bens de consumo.
A Scot Consultoria vem há muito tempo lembrando desta tendência de disputa entre bens duráveis e bens não duráveis, pelo orçamento do consumidor. (MPN)
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