Circuito Cria: expedição inicia suas visitas pelo Mato Grosso do Sul

No dia 7 de outubro iniciamos o Circuito Cria, em busca da origem da pecuária. Na primeira semana de expedição, percorremos mais de 1.000 km explorando diversos sistemas de cria em diferentes propriedades em Mato Grosso do Sul. Nosso trajeto incluiu uma diversidade de objetivos, com foco no progresso genético e na eficiência reprodutiva na bovinocultura de corte.

Eficiência reprodutiva em destaque

Foto: Bela Magrela

Iniciamos o circuito na Fazenda Periquitos, onde passamos o dia trocando conhecimentos e conhecendo de perto o trabalho desenvolvido. Um dos destaques foi o programa PAINT, uma ferramenta que auxilia os pecuaristas a mensurar características herdáveis dos animais, relacionadas à produção e reprodução. O programa visa aumentar o retorno econômico e o progresso genético ao intensificar a pressão de seleção e reduzir o intervalo entre gerações. Através de avaliações genéticas, os produtores podem realizar a seleção e o descarte de animais de forma técnica e segura, alinhando as decisões aos objetivos específicos de cada sistema de produção. Em 2020, o PAINT tornou-se uma associação de criadores, com representantes no Brasil, Bolívia e Paraguai, fortalecendo a troca de conhecimento e material genético entre os parceiros.

Foto: Bela Magrela

Outra visita foi a Fazenda Nossa Senhora da Muxima, do grupo Colpar, onde conhecemos um sistema de cria integrado ao ciclo completo. Nessa propriedade, 100% dos animais são destinados à terminação em outra unidade do grupo. A fazenda se destaca pelo manejo de novilhas precoces, uma estratégia que envolve a indução à puberdade de fêmeas Nelore entre 12 e 14 meses de idade, conhecidas como "precocinhas". Essa prática aumenta a eficiência reprodutiva ao antecipar a primeira reprodução e otimizar a produtividade do rebanho. Para garantir que as novilhas estejam prontas para inseminação, é fundamental que atinjam ao menos 60% de seu peso adulto, o que geralmente equivale a cerca de 300 a 350 kg, conforme o potencial genético.

Na Fazenda Nossa Senhora da Muxima, o manejo nutricional é cuidadosamente ajustado, como explicou o gerente Ângelo Nakagawa, junto ao consultor técnico André Oliveira, da Bellman – Trouw Nutrition, ambos parceiros no Circuito Cria. Após a desmama, as novilhas são submetidas a suplementação proteico-energética, variando entre 0,3% e 0,5% do peso vivo, dependendo da qualidade das forrageiras disponíveis. Durante a seca, essa suplementação é intensificada, preparando as fêmeas para a estação de monta, que ocorre entre outubro e novembro. O objetivo é que elas alcancem 65% do peso adulto (em torno de 280 kg) antes da primeira cobertura, e que ao final da gestação, cheguem ao peso ideal de 420 kg com escore corporal de 3,5.

Importância da qualidade da água

Foto: Bela Magrela

Outro ponto de destaque foi o cuidado com o fornecimento de água de qualidade para os animais. Na Fazenda Nossa Senhora da Muxima, a água é distribuída por um sistema de encanamento eficiente, os bebedouros são todos de concretos e é realizado a limpeza e manutenção constantemente.

Bezerros começam a consumir água a partir do segundo dia de vida, e a água pode vir a ser o principal veículo de transmissão de patógenos para essa categoria, pois esses animais ainda estão em desenvolvimento de seu sistema imune.

A água de boa qualidade é essencial para o bem-estar e desempenho dos bovinos, influenciando diretamente a digestão, a absorção de nutrientes, a regulação da temperatura corporal e o transporte de substâncias pelo organismo. Além disso, seu impacto é significativo no desempenho reprodutivo e na produção de leite e carne.

Um bovino consome de água, em média, 10% do seu peso vivo, ou seja, um bovino de 300 kg a 450 kg, ingere em média de 30 a 45 litros de água por dia, dependendo de fatores como clima, tipo de dieta e fase produtiva. Em climas mais quentes ou quando alimentado com ração seca, esse consumo tende a ser ainda maior. A água tem um papel importante na regulação térmica, a evaporação pela respiração e sudorese aumenta, e a disponibilidade de água em quantidade adequada ajuda a manter a temperatura corporal dos animais estável, evitando o estresse térmico, que pode levar à redução do consumo de alimentos e, consequentemente, à queda na produtividade.

No processo de fermentação ruminal, que é responsável pela digestão da fibra, a presença de água é fundamental. Ela facilita a atuação dos microrganismos no rúmen, que quebram os alimentos e promovem a síntese de proteínas microbianas, essenciais para o ganho de peso e a produção de leite.

Integração de sistemas

A expedição também incluiu uma visita à Fazenda Saltinho, onde observamos de perto o trabalho de integração lavoura-pecuária conduzido na propriedade. O proprietário, Elinaldo Paniago, destacou a importância de uma boa cobertura do solo com palhada, fundamental para o sucesso desse sistema integrado e contou sobre suas expectativas e investimentos para o sistema de cria.

A expedição pelo Mato Grosso do Sul no Circuito Cria destaca a relevância da integração entre genética de qualidade, manejo nutricional eficiente e a adoção de sistemas integrados de produção para maximizar a eficiência na cria.

Mapeando a pecuária de cria

Seguindo nas estradas até o fim de novembro, a equipe mapeia propriedades que estão investindo intensamente em manejo, tecnologias e na integração dos sistemas na busca por eficiência e qualidade. O projeto visa contribuir para esses objetivos, levando conhecimento técnico nas áreas de nutrição, sanidade, manejo de pastagens, tecnologia, reprodução e genética, com o suporte essencial dos parceiros envolvidos nessa iniciativa.

Foto: Bela Magrela

Conheça nossos parceiros nessa jornada:

Foto: Bela Magrela

- Adama 

- Casale 

- Elanco 

- GlobalGen 

- Genex 

- Trouw Nutrition

Montadora oficial: 

- Mitsubishi Motors