A descoberta dos focos de febre aftosa em rebanhos de Mato Grosso do Sul, em outubro, fez as exportações de carne bovina do Estado caírem 77%. Segundo o Ministério da Agricultura, os valores recuaram de US$ 28,1 milhões em setembro para US$ 6,39 milhões em dezembro.
Até setembro, o Estado abatia cerca de 400 mil cabeças de gado por mês, segundo o diretor da Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), Ademar Júnior. Esse número, afirma ele, caiu para 300 mil após a descoberta da doença na fazenda Vezozzo, em Eldorado.
Segundo o diretor da Famasul, 45% da carne produzida em Mato Grosso do Sul era exportada. Com os embargos imediatos de países europeus, principais importadores, 78% do produto foi redirecionado ao consumo interno, que só absorve a demanda devido à redução no valor do produto.
De acordo com o diretor da Famasul, o prejuízo é maior na ponta da cadeia produtiva. O pecuarista, que viu as vendas caírem rapidamente, ainda tem de arcar com o aumento nas despesas devido ao maior tempo de permanência do boi no pasto.
O produtor Francisco Moura Leite, criador de gado no centro do Estado, anota os prejuízos em uma tabela. Desde que a doença apareceu, dobrou o gasto com cuidados sanitários e triplicou a despesa com pastagem. Antes, o frigorífico reabastecia o estoque a cada três dias. Hoje, a reposição chega a levar uma semana.
A maior estadia do gado no pasto preocupa o mercado da carne. Entre janeiro e maio, o Estado registra grande volume de chuva, o que acelera a produção de alimento para o boi. Quanto maior a quantidade de comida, mais rápido é o tempo de engorda. Se o boi fica no campo, ultrapassa o peso ideal para venda, de 17 arrobas, o que acarreta queda no preço.
A expectativa do mercado produtor era uma melhora já no início de 2006, mas Ademar Júnior diz que ainda não há como ser otimista. "O mercado internacional é fundamental para o escoamento da carne. Se não retomarmos os compradores europeus e ganharmos novos clientes, o prejuízo deve assolar a economia do Estado."
Para ele, o Ministério da Agricultura deve terminar rápido o trabalho sanitário nas regiões afetadas pela aftosa e encaminhar comissões aos países compradores para mostrar que o Estado está pronto para voltar a vender carne.
Mesmo com essas ações, as exportações devem continuar em baixa pelos próximos seis meses, afirma Ademar Júnior.
Fonte: Folha de São Paulo
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