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Scot Consultoria

Tanto a economia quanto as crianças chinesas continuam ganhando peso


Terça-feira, 26 de julho de 2011 - 18h25

Profissionais da saúde sempre ensinam que uma dieta balanceada e exercícios regulares são a chave para a boa forma. Uma pesquisa surpreendente da Escola de Medicina da Universidade da Carolina do Sul, nos Estados Unidos, sugere que isso pode não ser verdade na China, onde esses hábitos saudáveis coexistem com um aumento agudo no número de crianças obesas e com sobrepeso. “Eu nunca antes vi dados mostrando que consumir frutas e vegetais esteja relacionado com aumento de peso”, diz Donna Spruijt-Metz, coautora do estudo e especialista em obesidade infantil. No estudo, publicado na edição atual da Revista Americana de Comportamento Saudável, Donna Spruijt-Metz e seus pesquisadores analisaram dados de pesquisa de frequência de alimentação respondidos por 9.023 alunos de ensino médio e fundamental e um de seus pais, em sete grandes cidades chinesas. Encontrou-se que atividades sedentárias, como assistir televisão ou usar o computador, estavam relacionadas a grandes probabilidades de essas crianças estarem com sobrepeso, semelhante ao que acontece nos Estados Unidos. O mais interessante é que eles também descobriram uma série de comportamentos não esperados que estão correlacionados com incidências de sobrepeso, dentre elas: programas de exercícios mais vigorosos, menor consumo de fast food e doces, menor frequência entre os lanches, maior consumo de frutas e maior conhecimento educacional dos pais. Na análise, os pesquisadores – alguns psicológicos e sociólogos do leste asiático – expõem esses fatores, e apontam para razões culturais e metodológicos que contam para esses paradoxos relacionados à obesidade. Os pesquisadores suspeitam que dietas ricas em vegetais podem também ser ricas em óleo, visto que os dois métodos de preparo de vegetais mais comuns na China são fritar e refogar. Pais com maior nível de educação, que comumente são de classes econômicas mais altas, possuem condições de comprar fast food, que é barata nos Estados Unidos mas não tão baratas em países em desenvolvimento. Paralelamente, crianças com sobrepeso podem não estar retratando corretamente a quantidade de fast food consumida e a qualidade do exercício que elas fazem. “Pode ser que haja um grande consumo de energia” adiciona Donna Spruijt-Metz. “Ainda há uma percepção cultural na China de que é mais saudável e desejável ter uma maior compleição corporal” Entender a epidemia de obesidade infantil na China é crítico. Dados recentes do Instituto John Hopkins mostram que aproximadamente 20% das crianças chinesas e que um terço do número de meninos estão acima do peso ou obesas. Um estudo publicado em 2004 pela Peking University mostra que em 1985 as crianças obesas ou com sobrepeso eram apenas 2%. No geral, a onda de obesidade pode ser relacionada com a ocidentalização e o rápido desenvolvimento. A professora Youfa Wang, do John Hopkins aponta: as mudanças drásticas em fatores sociais e ambientais e nas formas de vida individual e familiar, incluindo comportamentos alimentares ocidentalizados, são os fatores que lideram a obesidade infantil na China. Donna Spruijt-Metz nota que a epidemia é similar ao que aconteceu nos Estados Unidos, com uma diferença notável. “O que me choca mais sobre a obesidade na China é observar a mesma coisa que aconteceu nos Estados Unidos, só que mais rápido. Os americanos levaram décadas para chegar nesses níveis de obesidade e os chineses não levaram quase tempo algum.” Uma coisa clara é que a China vem se assemelhando aos EUA não apenas em comportamento alimentar. E também não é rápida apenas no tocante à obesidade infantil, como a autora do estudo colocou. A expansão econômica chinesa foi a mais rápida nas últimas duas décadas. O produto interno bruto chinês cresceu 10,3% em 2010 e desbancou o Japão como segunda economia mundial. O yuan, moeda chinesa, já se apresenta como alternativa ao dólar em algumas transações econômicas. Segundo dados do Banco Mundial, se a China mantiver a taxa de crescimento anual de 8%, em 20 anos poderá se tornar a principal economia mundial, atualmente os EUA o são. Ainda não é possível afirmar com certeza que a China substituirá os EUA na liderança mundial. Mas, enquanto isso, tanto a economia quanto as crianças chinesas continuam ganhando peso. Fonte: The Atlantic Journal. Escrito por Hans Villarica.
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