O dólar fraco funcionou. O real mais forte em relação ao dólar americano tornou a carne bovina brasileira menos competitiva no mercado internacional e o exportador americano se beneficiou da taxa de câmbio.
De acordo com a ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne Bovina), o Brasil exportou 672,6 mil toneladas métricas de carne bovina, entre janeiro e julho deste ano, com receita de US$3,01 bilhões. Os Estados Unidos exportaram 741,3 mil toneladas métricas, com receita de US$3,06 bilhões.
A diferença entre a receita americana e a brasileira foi de US$50 milhões (1,63%).. Os Estados Unidos exportaram 68,7 mil toneladas a mais do que o Brasil. A média da cotação do dólar para o período de janeiro a julho de 2011 é R$1,62. No mesmo período de 2010 a média foi R$1,79, queda de 9,49%.
É a primeira vez que os Estados Unidos lideram as exportações globais de carne bovina desde 2003.
O Brasil é um dos líderes mundiais na produção agrícola, assim como os Estados Unidos. É o segundo maior exportador de soja, após os Estados Unidos, e o maior exportador de carne de frango, açúcar e suco de laranja.
“Os Estados Unidos estão ganhando acesso a mercados que antes não eram seus clientes por conta do preço”, diz Fernando Sampaio, diretor executivo da ABIEC. Os Estados Unidos não foram apenas descartados por conta dos preços, mas também enfrentaram barreiras sanitárias devido aos casos de vaca louca em 2003, o que colocou o Brasil no topo das exportações do produto.
A ABIEC pontua que os produtores e exportadores de carne bovina americana não deveriam se sentir confortáveis no topo, porque provavelmente esta condição não vai durar. O real está se enfraquecendo e a tendência americana é de altos preços do milho, em virtude da crescente utilização pra a produção de etanol. O milho é utilizado para alimentar o gado.
Em 2010, o Brasil exportou 1,3 milhão de toneladas métricas de carne bovina e os Estados Unidos, 1,1 milhão.
Verifica-se que o custo de produção americano, principalmente com alimentação, vai pesar na conta da exportação. Recentemente, o dólar voltou a se valorizar no Brasil, subiu 16,9% em setembro, até o dia 23. No dia 22, o dólar comercial registrou R$1,90, maior cotação registrada desde maio de 2010.
Ainda que os Estados Unidos estejam recuperando mercados para exportação de carne bovina e tenham momentaneamente o câmbio a seu favor, o Brasil reúne condições para voltar ao topo: dólar se valorizando e custo de produção menor que o americano.
Fonte:
Revista Forbes. Por Kenneth Rapoza. 23 de setembro de 2011.
<< Notícia Anterior
Próxima Notícia >>