Estimativas da Agência Australiana de Agricultura, Economia e Ciência (ABARES, sigla em inglês) apontam para queda de 2% nas exportações australianas de carne bovina no ano safra 2011-2012. O volume embarcado estimado será de 920 mil toneladas.
Isso é reflexo das exportações menores para o Japão. A valorização do dólar australiano e a crescente competição com a carne bovina americana nos mercados asiáticos podem ser responsáveis por uma demanda menor de carne bovina australiana.
Ressaltando a importância da diversificação dos mercados, espera-se que o total exportado para os três principais mercados australianos, Japão, Estados Unidos e Coréia do Sul seja de 68% em 2011-2012. Em 2004-2005, atingiu 92%.
EUA - Espera-se que as exportações para os Estados Unidos continuem inalteradas em 2011-2012, com 160 mil toneladas embarcadas. A demanda americana continuará fraca e o dólar australiano permanecerá valorizado frente ao dólar americano, reduzindo a competitividade da carne australiana. Durante 2010-2011, as exportações para os Estados Unidos caíram 24%. O clima desfavorável aumentou a produção americana, consequentemente reduzindo a demanda pelo produto importado.
Importantes pólos da pecuária de corte norte-americana, localizados principalmente na região sul do país, estão enfrentando um período seco que reduziu a quantidade e qualidade de forragens e água, além do alto preço dos grãos para alimentação, como milho, resultando no aumento do abate de animais para garantir rentabilidade.
Japão - Projeta-se queda de 7% nas exportações de carne bovina australiana para o país asiático. Essa redução é resultado da combinação entre a menor demanda japonesa, aumento da competição com a carne bovina americana e a taxa desfavorável do câmbio australiano. Espera-se que a economia japonesa apresente crescimento lento no próximo ano.
Coréia do Sul - As exportações australianas para a Coréia do Sul devem aumentar 4% em 2011-2012. A demanda coreana por carne bovina importada continuará forte, devido a preocupações com a febre aftosa na produção local. Focos da doença foram encontrados em 2010, o que resultou na remoção de grande parte do gado coreano da cadeia bovina e a substituição por produtos importados, principalmente da Austrália e Estados Unidos. Entretanto, o dólar australiano valorizado e a maior aceitação da carne bovina americana no mercado coreano podem aumentar a competição entre esses fornecedores.
Observa-se que a atual taxa de câmbio australiana é uma adversidade para as exportações do país. A figura 1 mostra a variação cambial do dólar australiano frente ao dólar americano entre janeiro de 2010 e setembro de 2011.
Em novembro de 2010, o dólar australiano atingiu a paridade com o dólar americano. Desde então, apresentou valorização até julho, onde começou a mostrar ligeira queda. Para efeito de comparação, em setembro, cada dólar americano equivalia, em média, a 0,97 dólar australiano. Em setembro de 2010, um dólar americano valia 1,07 dólares australianos, valorização de 10,3%. A moeda local valorizada frente ao dólar americano prejudica as exportações do país, devido à perda de competitividade.
Outros mercados - Enquanto a demanda pela carne bovina australiana vinda de seus principais mercados está caindo, existe previsão de 1% de aumento de exportação para outros mercados. Destaque para a Rússia, que importou 200% a mais em 2010-2011 com relação a 2009-2010, devido também à queda no volume importado dos fornecedores latino-americanos.
Entre estes fornecedores, figura o Brasil. A Rússia é o principal destino das exportações de carne bovina brasileira. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), de janeiro a setembro de 2011, o país importou 215,6 mil toneladas equivalente carcaça, volume 12,3% inferior ao mesmo período de 2010. Em contrapartida, a receita nos três primeiros trimestres deste ano ficou 14,8% maior que o mesmo período do ano passado, resultado do produto brasileiro mais caro no mercado externo.
Em junho deste ano, a Rússia embargou 85 frigoríficos brasileiros dos estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso por questões sanitárias. Atualmente 100 unidades estão embargadas e ainda não há desfecho para esta situação.
Fonte:
Beef Central. Pela Redação. 30 de setembro de 2011.
Traduzido, adaptado e comentado por Pamela Alves, analista júnior da Scot Consultoria.
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