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Scot Consultoria

Falta de água ameaça o crescimento da China


Terça-feira, 8 de novembro de 2011 - 09h33

Água se se tornado um problema crítico para a China. A segunda maior economia mundial lida com redução de recursos hídricos e severas faltas de água. O país possui 20% da população mundial e apenas 7% da água potável disponível no planeta. É uma das economias mais pobres em água potável. O problema se tornou evidente com o crescimento chinês. De acordo com o World Wildlife Fund (WWF, sigla em inglês), a falta de água potável será o maior constritor do crescimento econômico no país. O presidente Hu Jintao falou sobre o problema recentemente, arrematando que o problema da falta de água impacta na segurança da economia e da ecologia, podendo ser visto como uma questão de segurança nacional. O crescimento da China,segunda economia mundial, que alcançou 10,4% em 2010, foi de 9,7% em ritmo anual no primeiro trimestre, de 9,5% no segundo e de 9,1% no terceiro. Na desaceleração do crescimento, a questão hídrica se alia a um contexto internacional menos favorável: a crise na Europa e Estados Unidos. Em adição às enchentes e secas noticiadas ao longo dos últimos anos, as reservas de água potável na árida região norte do país tem diminuido por conta do excesso de uso, uma tendência difícil de se reverter. Até 2030,a demanda chinesa por energia vai dobrar e a demanda por água subirá 54%, mas as fontes hídricas tendem a se reduzir. Problemas com falta de água, poluição aguda de rios e solos, desertificação e catástrofes ambientais indicam que a China, já uma grande consumidora desses recursos e, necessitará ainda mais. O governo está tentando combater o problema com uma série de políticas que aumentarão os gastos com estruturas para obtenção de água potável e que deverão diminuir os padrões de poluição e consumo. Este ano, a primeira medida foi sobre a infraestrutura de água nas áreas rurais. A capital chinesa aprovou um orçamento colossal de 4 trilhões de yuan (6,4 trilhões de dólares) para projetos envolvendo água nos próximos 10 anos, o que inclui irrigação rural, controle de enchentes, suprimentos de água e conservação. Mas a maioria das políticas anunciadas pelo governo neste ano são apenas versões maiores das mesmas medidas que já foram aplicadas sem sucesso anteriormente, e os analistas agora ponderam quando, não mais se, a crise de água da China vai chegar num ponto que freará a economia. A agricultura consome a maioria da água na China, principalmente com o aumento no uso da irrigação de culturas, para que a oferta de alimentos possa atender a crescente demanda doméstica. O desenvolvimento ecológico e social do país está sendo seriamente afetado pela falta de água, o que tem um grande impacto na segurança alimentar. O aumento nos preços de alimentos e a crescente necessidade chinesa por milho e soja importados colocaram a segurança alimentar no topo da agenda política, evidenciando a necessidade imediata de reformas no sistema hídrico. O uso industrial da água representa 20% da demanda. O estresse hídrico na China pode ser uma via de duas mãos: devido à redução na produtividade agrícola por conta da falta de água, as importações de commodities pdem aumentar. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a soja lidera as importações chinesas no Brasil e representou mais de 70% da receita da exportação para o país asiático de janeiro a setembro de 2011. Mas por outro lado, a desaceleração na economia pode ter efeitos negativos nas importações do país. Além disso, os exportadores chineses, que já sentem os impactos da crise econômica, também se viram afetados pelos salários em alta na China, pela valorização do yuan, que ganhou 7% em um ano na comparação com o dólar e a alta nos preços, que alcançou 6,1% em setembro, depois de chegar a 6,5% em julho. Como resposta para conter a inflação, o governo restringiu o crédito e elevou as taxas de juros. A escassez de água terá um papel de peso na reorientação da economia, enquanto a indústria do país, em expansão, será forçada e ter uma produção mais eficiente. E o preço da água será crucial para alavancar esta eficiência. O tarifa sobre o uso da água nas cidades grandes aumentou 67,8%, de 2002 até junho deste ano. Mas a tarifa atual ainda é muito baixa, considerando os custos de tratamento de poluição, de acordo com especialistas em água do Instituto de Recursos Mundiais em Pequim. Um ponto positivo é que a maioria das práticas agrícolas e industriais na China são ineficientes na utilização de água, existindo desta forma muito espaço para melhoria da eficiência, o que mostra que o problema ainda pode ter solução. Pequim reconheceu este fato ao anunciar uma notável meta: reduzir o consumo de água pela metade até 2020. Na China, o lençol freático sob a região norte, uma área que produz mais da metade do trigo e 30% do milho no país, está decrescendo rapidamente. Um relatório do Banco Mundial prevê conseqüências catastróficas para as futuras gerações a menos que o uso e fornecimento de água possam rapidamente voltar ao equilíbrio. O desperdício da água também é expressivo. Ao ritmo em que vêm caindo os níveis dos lençóis freáticos e secam os poços para irrigação, a safra de trigo e arroz da China estão em queda. A nação mais populosa do mundo pode, em breve, estar importando quantidades enormes de grãos, o que seguramente afetaria os preços de forma global. O problema no abastecimento de água chinês deixaria de ser problema apenas da China, e passaria a ser problema também de ordem econômica, de todo o mundo. A jornada hídrica da China até agora não tem sido fácil. Uma persistente cianobactéria tem contaminado um importante lago no país asiático. Após muitos anos de trabalho e milhões de dólares gastos, o lago continua contaminado. Essa situação ilustra a dificuldade chinesa em gerenciar o setor de água. Pessoas envolvidas na limpeza do lago dizem que a situação está melhorando. Mas como qualquer outro projeto de gerenciamento dos recursos hídricos na China, o progresso é lento. Fonte: Financial Times. Por Leslie Hook. 28 de outubro de 2011. Traduzido, adaptado e comentado por Pamela Alves, analista júnior da Scot Consultoria.
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