A escassez é a nova norma

As previsões são de queda para as colheitas deste ano. Os governos no Oriente Médio e na África estão em jogo com o resultado das disparadas de preços dos alimentos. Os mercados estão constantemente em choque. Tudo isto mostra que os alimentos se tornaram rapidamente as forças direcionadoras, de forma oculta, das políticas globais. Portanto, crises assim serão mais comuns. A nova geopolítica dos alimentos será mais volátil do que costumava ser. Até recentemente, uma elevação súbita nos preços de alimentos não significava muito porque em seguida acontecia da mesma forma uma redução súbita. Este movimento ajudava a moldar a estabilidade política na maioria das regiões do planeta. Mas, atualmente as causas e as consequências são bastante diferentes. Historicamente, as escaladas dos preços tendiam a acontecer quase que exclusivamente por causa de mudanças drásticas no clima, como falhas nas chuvas de monções na Ásia e ondas de calor nas Américas do Norte e do Sul. Estes eventos aconteceram, porém não de forma freqüente. Quando aconteciam, os preços subiam momentaneamente, porém retornavam aos seus patamares anteriores. As altas nos preços dos alimentos de hoje são regidas por tendências que elevam a demanda e dificultam o aumento da produção. No mesmo sentido está a rápida expansão da população mundial, a elevação da temperatura global e a iminente questão da disponibilidade de água para irrigação. Enquanto isto, a população mundial recebe 219 mil pessoas todos os dias. Pessoas que precisam ser alimentadas. Publicado originalmente na Revista Foreing Policy, edição de junho de 2011.
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