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Scot Consultoria

Recursos naturais e as questões sociais


Quinta-feira, 22 de dezembro de 2011 - 09h12

O aumento das desigualdades está mais visível. Estima-se que 1,3 bilhão de pessoas não possuam acesso à eletricidade. Aproximadamente 925 milhões estão subnutridas e 880 milhões não possuem acesso à água tratada. A preocupação crescente é de que parte consideravelmente da população tenha problemas no acesso a energia, água e alimentos. A rápida difusão de tecnologias tem dado uma voz e ação à população de baixa renda. O crescente preço das commodities aumenta os custos de produção e reduz o consumo doméstico dependendo do país. Países exportadores destes recursos receberão um retorno financeiro maior devido ao maior preço, mas não serão capazes de compensar o impacto negativo dos altos preços nos países importadores. O consumo de alimentos em países emergentes como China, Índia e Brasil, onde vive mais de 30% da população mundial, tem aumentando. Além de comer mais, a população desses países está se tornando mais urbana, mais exigente com relação às formas de preparo dos alimentos e ganhando mais. O aumento da renda da população é seguido pela mudança na dieta, com a elevação do consumo de proteínas de origem animal, como carne, ovos e leite. De forma geral, o aumento dos preços das commodities pode ter um impacto negativo no crescimento da economia global no curto prazo. O preço mais alto é apenas uma questão, a volatilidade é outra. A alta volatilidade dos preços dos recursos pode reduzir o crescimento econômico por aumentar a incerteza, o que pode desencorajar investimentos em negócios e aumentar os custos do hedging contra os riscos relacionados aos recursos. A alta nos preços afetará a população de baixa renda, rural e urbana, de forma desproporcional, devido à utilização de maior percentual da renda com energia e alimentação. Como exemplo, a população rural de baixa renda da Índia gasta 60% da renda com alimentação e 12% com energia. O Banco Mundial estima que a alta nos preços dos alimentos colocou 44 milhões de pessoas na pobreza no segundo semestre de 2010. Quem mais se beneficiou com a alta nos preços foram os produtores, principalmente os maiores. É importante notar que os potenciais três bilhões de consumidores adicionais da classe média que surgirão nos próximos 20 anos também serão mais susceptíveis às altas nos preços de alimentos e energia. A principal situação de preços dos alimentos tem relação com o etanol, principalmente nos Estados Unidos. A produção americana de etanol aumentou consideravelmente a demanda por milho. Isso aumentou o preço do milho e, consequentemente, o preço das rações. O custo da produção de aves, bovinos confinados e suínos também aumentou, visto que o milho é a base das rações. Existe o efeito colateral nas outras culturas, devido a possibilidade do produtor migrar para o cultivo de milho devido à melhor remuneração. Existem diversas discussões acerca do uso de alimentos e terra agricultável para a produção de biodiesel em detrimento da produção de alimentos para a crescente população mundial. Utilizando dez dólares, em termos de paridade de poder aquisitivo, 35% é destinado à alimentação e pelo menos 10% à energia. Apenas 20% de aumento no preço de energia e alimentos implica em 16% de redução do valor restante disponível para serem gastos com outras despesas básicas. Muitos estudos acadêmicos ligaram a alta repentina nos preços dos alimentos com agitaçoes civis. Em 2007 e 2008, os preços dos alimentos causaram protestos em 48 países e situações similares foram vistas este ano. Muitos países dependem muito de alguns recursos e a preocupação atual sobre a sustentabilidade pode se intensificar. De acordo com a Organização Mundial de Comércio, a partir de outubro do ano passado, China, Índia e Vietnã, entre outros países, impuseram mais restrições às exportações de recursos minerais. A China está dificultando a saída de alumínio e aço, principalmente. O país é um dos maiores produtores mundiais destas matérias-primas, que são fundamentais para a confecção de diversos produtos. Os argumentos contrários à atitude chinesa eram de que a imposição destas restrições poderia criar escassez e elevar os preços das matérias-primas nos mercados internacionais, o que prejudicaria diversos países importadores. Esta situação pode se tornar comum. Devido ao crescimento dos países, principalmente dos emergentes, aumentará necessidade por recursos para continuar fomentando a expansão da economia. Muitos governos, particularmente os de países em desenvolvimento, podem encontrar uma pressão nas finanças públicas ainda maior, por conta da crescente demanda por recursos e o alto preço dos mesmos. O orçamento dos governos, em muitos países, seria atingido diretamente pelas altas nos preços devido ao subsídio praticado. Muitos países comprometem 5% ou mais do produto interno bruto apenas em subsídios aos recursos energéticos. Fonte: Revolução dos recursos naturais - atendendo à demanda mundial por energia, alimentos, materiais e água. Por McKinsey Global Institute. Material publicado em novembro de 2011. Traduzido, adaptado e comentado por Pamela Alves, analista júnior da Scot Consultoria.
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