É inegável que o agropecuarista brasileiro produz como ninguém. Basta analisar os números dos últimos anos. No caso da carne bovina, entre 2001 e 2005 o crescimento foi de 42%, sendo que as áreas de pastagem, no mesmo período, encolheram 1,6%.
Em suma, tem-se maior produção por área, ou seja, aumento de produtividade via aplicação de tecnologia. A indústria frigorífica, para conseguir aproveitar de forma eficiente esse aumento de oferta, também investiu em tecnologia, principalmente na modernização das plantas.
O passo seguinte é o aprimoramento dos sistemas de gestão. A empresa rural (fazenda) ou a agroindústria (frigoríficos, indústrias de insumos, laticínios, etc.) precisam investir, seja tempo e/ou recursos financeiros, na administração do negócio, a fim de não serem expulsas do mercado, que a cada dia se torna mais dinâmico e competitivo.
No entanto, algumas especificidades inerentes dos sistemas agroindustrais dificultam o uso e a adequação das principais ferramentas de gestão disponíveis no mercado às fazendas e agroindústrias brasileiras. De acordo com o Grupo de Estudos e Pesquisas Agroindustrias – GEPAI/UFSCAR, as principais especificidades são:
- sazonalidade na disponibilidade de matéria-prima;
- variações na qualidade na matéria-prima;
- perecibilidade da matéria-prima;
- sazonalidade do consumo;
- perecibilidade do produto final;
- “desmontagem” das matérias-primas;
- controle social (aspectos culturais e de segurança do consumo);
- controle governamental (segurança alimentar e dos alimentos);
- aspectos sociais e políticos ligados à produção agropecuária.
Tomemos um deles como exemplo. No caso, a desmotagem de matérias-primas. É o que acontece com os frigoríficos, por exemplo. Eles recebem o boi vivo para ser abatido e desmontado em vários produtos.
Na maioria das empresas acontece o contrário. Elas recebem as matérias-primas e “montam” um produto. E praticamente todas ferramentas de gestão industrial disponíveis no mercado foram formatadas para esse tipo de processo.
Portanto, fica aí o desafio para pesquisadores e consultores: desenvolver ferramentas e estratégias de gestão que se encaixem, ou se adaptem, às realidades dos diversos sistemas agroindustrais. Há muito o que explorar nessa área. (FTR)
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