Nos sete primeiros dias de outubro, as exportações brasileiras de carne suína alcançaram 22,1 mil toneladas, um crescimento expressivo em comparação ao mesmo período de setembro. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o volume médio embarcado na primeira semana deste mês totalizou 3,2 mil toneladas, 46,5% acima da média do mês anterior.
O mercado interno também está aquecido, principalmente após a realização da campanha "Escolha + Carne Suína", apresentada durante a 3ª Semana Nacional de Carne Suína, evento encerrado no último dia 14 de outubro. Como resultado, um grupo de supermercados registrou aumento de 21% nas vendas ao consumidor.
De acordo com Rui Eduardo Saldanha Vargas, vice-presidente de Suínos da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o aumento dos embarques é reflexo do represamento de contêineres, causado pela greve dos fiscais. Este ritmo deve continuar e ele acredita que, neste mês, as exportações de carne suína devem totalizar 62 mil toneladas.
Em setembro, os embarques de carne suína (cortes, miúdos, carcaça, preparações, enchidos, entre outros) somaram 52,571 mil toneladas, um crescimento de 19,2% em relação ao igual mês do ano passado. Segundo a ABPA, a receita totalizou US$121,6 milhões, saldo 23,1 % menor na comparação com o nono mês de 2014. É "um ano excepcional", segundo Vargas, em termos de preços internacionais.
No acumulado de janeiro a setembro, foram embarcadas 393,4 mil toneladas, 6,2% acima do registrado no mesmo período de 2014. A receita foi de US$948,2 milhões, com queda de 17,5% em igual comparação.
EXPECTATIVA
Considerando o cenário atual, a expectativa de Vargas é que o Brasil encerre o ano com exportações entre 530 mil a 540 mil toneladas de carne suína, ante 505 mil de toneladas no ano passado. Em faturamento, ele projeta um pequeno aumento em relação ao ano passado, em dólar.
"Em reais, será um aumento considerável", afirma ele, que ainda não sabe estimar o valor. Em 2014, a receita do setor foi US$1,7 bilhão, o equivalente a R$3,7 bilhões.
Na opinião do presidente de Suínos da ABPA, embora a valorização do dólar seja positiva, para o exportador sua influência é pequena para o segmento.
"O preço médio tende a cair quando o dólar dispara, o que resulta em certo equilíbrio", analisa. Ele lembra que, em agosto, o preço médio da tonelada de carne suína era US$2,9 mil e agora está em US$2,6 mil. O preço da tonelada de carne suína caiu de 30% a 40%, em relação a setembro do ano passado, informa Vargas.
PRINCIPAIS DESTINOS
"Em setembro, aumentamos os embarques para Rússia, Hong Kong e Singapura, principais importadores do nosso produto e, ao mesmo tempo, mercados menores, como a China, também apresentaram bom desempenho", destaca o presidente-executivo da ABPA, Francisco Turra.
A Rússia continua sendo o grande comprador da carne suína, com 48% do total embarcado em setembro. No mês passado, o mercado russo importou 25 mil toneladas, volume 47% superior ao registrado no mesmo mês de 2014. No acumulado do ano, os embarques para aquele país cresceram 38%, alcançando 178,9 mil toneladas, o equivalente a 46,2% do total exportado pelo Brasil.
Segundo Vargas, as vendas para o mercado russo continuarão aquecidas. "É todo um conjunto de cenário. Quando a Rússia precisou, o Brasil estava presente, criou novos produtos, enfim, foi um grande parceiro."
Os embarques para Hong Kong aumentaram 43% comparado a setembro de 2014, totalizando 12,6 mil toneladas. No acumulado de 2015, o país asiático absorveu 84,7 mil toneladas, aumento de 3%.
CAMPANHA
No mercado interno, as vendas também estão aquecidas. Para se ter uma ideia, a 3ª Semana Nacional de Carne Suína, realizada de 29 de setembro e 14 de outubro, contribuiu para o aumento de 21% nas vendas das redes de supermercados Extra e Pão de Açúcar, do grupo GPA, superando a expetativa inicial de 15%.
Com o sucesso da ação, promovida em parceria com a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), o GPA, que decidiu continuar a campanha até dezembro, projeta um crescimento de 30% nas vendas do grupo, em relação ao mesmo período de 2014.
"A suinocultura brasileira vive um momento positivo tanto no mercado interno quanto no externo. Temos alcançado bons resultados, até mesmo acima do esperado e isto tem gerado maior segurança dentro do setor", afirma Marcelo Lopes, presidente da ABCS.
Segundo David Buarque, gerente comercial do GPA, o grupo tem apostado na carne suína como mais uma opção para a mesa do brasileiro, aliando sabor, saúde, qualidade com um custo-benefício muito bom.
"Neste ano, as vendas cresceram acima da expectativa, até mesmo em regiões com pouca tradição de carne suína, como o Rio de Janeiro, com 24,8%", informa Buarque.
Na opinião do presidente da ABCS, a 3ª edição do evento representou um novo posicionamento para a carne suína no varejo brasileiro, por meio da campanha "Escolha + Carne Suína", desenvolvida pela entidade para promover a proteína.
"Além de cortes de suínos, vendemos o verdadeiro significado desta proteína aos colaboradores do grupo e aos clientes, ressaltando qualidade, versatilidade, custo-benefício e sabor da carne suína", destaca Lopes.
Fonte: Agrolink. SNA - Sociedade Nacional de Agricultura. 23 de outubro de 2015.