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Scot Consultoria
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Frete onera produtor em até 35%


Terça-feira, 2 de março de 2010 - 13h31

Interferência na rentabilidade é maior na produção de grãos, que depende de rodovias mal conservadas para o escoamento de milhões de toneladas Rodovias mal conservadas, pouco investimento em formas alternativas de transporte, distâncias continentais e a deficiência e saturação dos portos existentes para escoar as mercadorias colocam o Brasil entre os países com valores de frete mais caros do mundo. Para o produtor de grãos - o mais onerado com o custo do transporte -, a rentabilidade pode ser reduzida em até 36%, conforme avaliação de especialistas consultados pelo Campo News. E, diante de uma perspectiva de safra de soja recorde de 76 milhões de toneladas para este ano, um aumento de 16% em relação a 2009, a demanda por maior quantidade de caminhões para transporte poderá corroer a renda do agricultor em até 40%. Se, no começo de 2009, os caminhoneiros cobravam R$200,00 por tonelada de soja, atualmente o transporte do Mato Grosso até o porto de Paranaguá, de onde segue para a exportação, não sai por menos de R$230,00. Como cada tonelada rende, em média, US$360,00 dólares ao produtor, o equivalente a R$648,00, o preço do frete representa 36% desse valor. “Acredito que esta porcentagem esteja entre as mais altas do mundo. E, em alguns casos, esse índice pode chegar a 40% do ganho que ele teria com a venda do seu produto. Esse aumento se deve à época de intensificação da safra, quando há maior demanda por caminhões para transporte”, frisa o consultor Rafael Ribeiro Lima Filho, zootecnista da Scot Consultoria. Produtor paga a conta Segundo ele, embora o frete seja pago por quem compra – no caso, pelas indústrias –, esse preço já é antecipadamente descontado do produtor. “De qualquer maneira, é o produtor que é onerado”, resume. No entanto, o diretor do CentroGrãos, centro de comercialização da Famato (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso), João Birkhan, destaca que a perspectiva da safra recorde de soja e o excesso de milho que ainda permanece nos armazéns tornou a contratação do frete uma incerteza. “Sem espaço para armazenar a soja, o produtor tem de escoar rapidamente o que está colhendo. Por isso, está extremamente difícil encontrar caminhão atualmente. E, por esse aumento na demanda, o produtor não tem como saber quanto o frete irá lhe custar”, comenta. De acordo com José Vicente Ferraz, diretor técnico da AgraFNP, mais de 70% da safra de soja de Mato Grosso sai do Estado através da malha rodoviária, diferentemente do que ocorre em outros países ao redor do mundo, que dão preferência absoluta ao transporte por meio do sistema ferroviário ou hidroviário. “A deficiência brutal das rodovias faz com que o produtor perca muita competitividade. Essa desvantagem ocorre em todas as atividades, mas fica mais clara quando lidamos com safras gigantescas como a da soja”, comenta. Infraestrutura A BR-163 e a BR-364 são as vias mais importantes que cortam o Estado ao meio, no sentido norte-sul. Nos dias com muita chuva, o tráfego é difícil e se torna um transtorno para os caminhoneiros. “Em muitos casos, os caminhões chegam a ficar dias atolado. Isso não é uma novidade e só no Brasil acontece. Nossa eficiência produtiva dentro da fazenda é perdida quando essa produção é escoada”, avalia Ferraz. Para Birkhan, há um descaso por parte do governo federal a respeito da importância que a maior região produtora de grãos no País possui para suprir o crescimento da demanda mundial. “Temos clima, tecnologia e espaço para duplicar a produção de soja. Mas não há empenho nenhum do governo para resolver nosso problema de escoamento”, frisa Fonte: Campo News. Por Tisa Moraes. 2 de março de 2010.
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